Santiago do Chile, 22 abr (EFE).- A Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), reajustou de 5,4% para 4,8%, sua previsão de crescimento para o Brasil em 2008, por causa da crise dos Estados Unidos.
A projeção de crescimento das economias latino-americanas "foi ajustada um ponto abaixo por causa do impacto da crise externa", declarou em entrevista coletiva o secretário-executivo do organismo, José Luis Machinea.
"Os Estados Unidos estão entrando em uma recessão e há dúvidas sobre a validade e o tempo da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano)", afirmou o economista argentino, acrescentando que a maioria dos países da região "terá um crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao esperado".
Machinea disse, no entanto, que a recessão nos EUA será "suave" e, dessa forma, o impacto na América Latina "não será tão grande".
Também afirmou que a economia do Brasil crescerá 4,8% ao invés de 5,4% que havia sido previsto.
No caso da Argentina, a projeção desceu de 8,7% para 7,0% afirmou José Luis Machinea. Já no México ficará em torno de 2,7%, e não 3,3% como era indicado inicialmente, enquanto a previsão do Chile diminuiu de aproximadamente 5,1% para 4,5%.
Além disso, no caso da Venezuela, a projeção caiu de 8,4% para 6,0% e no total, a previsão para a América do Sul passou de 6,7% para 5,6%.
Equador foi o único país sul-americano que teve uma correção para cima, de 2,7% para 3,0%.
Também a previsão para a zona do Caribe foi ajustada levemente para cima, de 3,9% para 4,1%.
A baixa do crescimento afetará especialmente os países mais pobres, pelo aumento no preço dos alimentos, aos países exportadores de manufaturas aos EUA e a países desenvolvidos, segundo Machinea.
A América Central será afetada por uma forte diminuição no envio de remessas.
José Luis Machinea, por outro lado, advertiu que a alta dos preços dos alimentos nos países latino-americanos aumentará a quantidade de habitantes em situação de pobreza e indigência.
Sobre os dados projetados, a respeito da indigência, correspondentes ao ano 2007, a Cepal prevê um aumento de 15% no preço dos alimentos elevará a incidência da indigência em quase três pontos, de um 12,7% para 15,9 % da população, equivalente a cerca de 15,7 milhões de latino-americanos.
No caso da pobreza, os aumentos serão parecidos já que a mesma quantidade de pessoas passaria a ser pobre, explicou Machinea.
Ele afirmou, no entanto, que se considera uma melhora de renda dos lares de 5%, "similar à média da inflação regional, na prática aproximadamente 10 milhões de pessoas passariam à indigência como conseqüência do aumento de preços".
"A alta intensa e persistente dos preços internacionais dos alimentos está castigando com especial dureza os setores mais pobres da América Latina e do Caribe, gerando um impacto distributivo regressivo", ressaltou Machinea.
O economista explicou que o aumento dos preços internacionais é um fenômeno que se acelerou nos últimos doze meses, especialmente nos casos dos preços do milho, do trigo, do arroz e das oleaginosas, altas que em alguns casos superaram 100%.
Desde o ano 2006, a inflação se acelerou na maioria das economias da região, a um ritmo anual que oscila entre o 6,0% e o 20,0% nos diferentes países, com uma média regional próximo ao 15,0 %, segundo os dados das Nações Unidas.
Em termos globais, o secretário-executivo da Cepal considerou que "se passou da euforia a uma grande incerteza".
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Fonte: Uol Economia - dia 22/04/08
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