Agora que o semestre acabou eu posso dizer:
bate forte o tamboooor, eu quero é tique-tique-tique-tique-táaaaa!
sexta-feira, 27 de junho de 2008
segunda-feira, 23 de junho de 2008
Conselhos de um veterano de guerra
Formado em física, jornalista profissional e crítico por natureza, Bernardo Kucinski conta sobre o que aprendeu durante décadas de carreira. “Jamais critique um colega. Ele não vai entender.”
Por Giovana Romani (Nº USP 5392182)
Bernardo Kucinski pertence à panelinha dos lulistas. E também à dos professores da Escola de Comunicação e Artes da USP. Isso está longe de ser um problema. Pelo contrário. Durante um bate-papo com estudantes de jornalismo da universidade, no último dia 12, ele afirmou que fazer parte de um grupo com interesses similares, além de manter um bom relacionamento com todos os colegas, é necessário dentro do jornalismo. Curiosamente, foi até indagado por uma aluna. “Professor, e como eu faço para entrar em uma panelinha?”. São estratégias de sobrevivência de um veterano de guerra que não sucumbiu ao regime militar e às mazelas político-sociais do país. Sem hipocrisia e fórmulas prontas, o experiente jornalista sabe hipnotizar uma platéia contando os percalços da profissão e casos exemplares de sua trajetória.
Especialista em economia e ex-professor da USP (aposentou-se no fim de 2007), Kucinski foi por muitas vezes injustiçado. Talvez devido ao espírito crítico que fala mais alto até numa conversa informal com aspirantes a jornalistas. Na ocasião criticou os estudantes de jornalismo, a grande imprensa e o jornalismo cívico. Tudo com muito fundamento e eloqüência, que fique claro. Kucinski pode ser considerado, inclusive, um expert em críticas. Só ao presidente Lula ele as fez por quase dez anos. E com permissão oficial. Kucinski, colaborador de longa data do Partido dos Trabalhadores, foi assessor especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República entre 2003 e 2006. Sua função no governo era fornecer ao presidente uma análise crítica de sua relação com a mídia. “Mas jamais critique o texto de um colega jornalista”, alerta. “Há muita vaidade nesse meio.” Interessante a moral implícita na história, não é? O presidente da República pode até aceitar críticas. Um jornalista, nunca (ou raramente).
Os conselhos, que podem até assustar os desavisados, não param por aí. Afinal, não é só de vaidade que sobrevive o jornalismo atual. No setor econômico, por exemplo, muitas vezes a compreensão do texto é difícil para os não iniciados. Nesses casos, a responsabilidade é dos próprios jornalistas. “Antes de escrever uma matéria é preciso estudar o assunto e entendê-lo completamente”, explica Kucinski. “Assim fica fácil traduzir as expressões típicas de determinada área. Quem fala difícil é porque não entendeu nada.” Outro problema é a falta de ética. “Há muito desrespeito pelas fontes e leitores”, avalia o jornalista. Ele tem razão. Acusações infundadas ou ainda sem comprovação sobre pessoas públicas ou anônimas pipocam na imprensa sem limite. Para fugir disso, a solução indicada por ele não é mirabolante ou impraticável. “Seja correto”, diz o intelectual, com a mesma simplicidade com que pede uma carona ao bairro de Pinheiros após tantas lições.
Por Giovana Romani (Nº USP 5392182)
Bernardo Kucinski pertence à panelinha dos lulistas. E também à dos professores da Escola de Comunicação e Artes da USP. Isso está longe de ser um problema. Pelo contrário. Durante um bate-papo com estudantes de jornalismo da universidade, no último dia 12, ele afirmou que fazer parte de um grupo com interesses similares, além de manter um bom relacionamento com todos os colegas, é necessário dentro do jornalismo. Curiosamente, foi até indagado por uma aluna. “Professor, e como eu faço para entrar em uma panelinha?”. São estratégias de sobrevivência de um veterano de guerra que não sucumbiu ao regime militar e às mazelas político-sociais do país. Sem hipocrisia e fórmulas prontas, o experiente jornalista sabe hipnotizar uma platéia contando os percalços da profissão e casos exemplares de sua trajetória.
Especialista em economia e ex-professor da USP (aposentou-se no fim de 2007), Kucinski foi por muitas vezes injustiçado. Talvez devido ao espírito crítico que fala mais alto até numa conversa informal com aspirantes a jornalistas. Na ocasião criticou os estudantes de jornalismo, a grande imprensa e o jornalismo cívico. Tudo com muito fundamento e eloqüência, que fique claro. Kucinski pode ser considerado, inclusive, um expert em críticas. Só ao presidente Lula ele as fez por quase dez anos. E com permissão oficial. Kucinski, colaborador de longa data do Partido dos Trabalhadores, foi assessor especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República entre 2003 e 2006. Sua função no governo era fornecer ao presidente uma análise crítica de sua relação com a mídia. “Mas jamais critique o texto de um colega jornalista”, alerta. “Há muita vaidade nesse meio.” Interessante a moral implícita na história, não é? O presidente da República pode até aceitar críticas. Um jornalista, nunca (ou raramente).
Os conselhos, que podem até assustar os desavisados, não param por aí. Afinal, não é só de vaidade que sobrevive o jornalismo atual. No setor econômico, por exemplo, muitas vezes a compreensão do texto é difícil para os não iniciados. Nesses casos, a responsabilidade é dos próprios jornalistas. “Antes de escrever uma matéria é preciso estudar o assunto e entendê-lo completamente”, explica Kucinski. “Assim fica fácil traduzir as expressões típicas de determinada área. Quem fala difícil é porque não entendeu nada.” Outro problema é a falta de ética. “Há muito desrespeito pelas fontes e leitores”, avalia o jornalista. Ele tem razão. Acusações infundadas ou ainda sem comprovação sobre pessoas públicas ou anônimas pipocam na imprensa sem limite. Para fugir disso, a solução indicada por ele não é mirabolante ou impraticável. “Seja correto”, diz o intelectual, com a mesma simplicidade com que pede uma carona ao bairro de Pinheiros após tantas lições.
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