15/07/08 07:00
Coluna Econômica - 15/08/2008
A Bloomberg chama a atenção para o novo risco da economia mundial: a deflação, isto é, a queda generalizad de preços. Entrevistou Albert Edwards, analista do Société Générale SA que previu a crise cambial da Ásia há uma década.
O alerta de Edwards para os Bancos Centrais mundiais, é de que a deflação poderá se transformar no próximo fantasma da crise internacional. "A preocupação com a inflação é exagerada e a ameaça da deflação pode reaparecer, estimulada pela recessão mundial e pelo colapso da bolha das commodities", disse Edwards, 47, que trabalha em Londres.
Segundo a Bloomberg, Edwards foi considerado pela Thomson Extel o melhor estrategista mundial da Europa nos últimos sete anos. Essa mesma posição foi externada há duas semanas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), o banco central dos bancos centrais.
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Esse é o risco maior, pouco apontado pelos analistas. Toda crise financeira decorre de uma exacerbação da liquidez. Tem-se os ativos financeiros de um lado, os ativos reais do outro. O movimento de compra dos ativos determina seu preço.
Se o volume de ativos financeiros aumenta substancialmente, existe um aumento nos ativos reais (os bens que podem ser comprados), muitas vezes mais que proporcional (no fenômeno das "bolhas").
Esse movimento se dá via redução dos juros (por excesso de dinheiro disponível) que impacta os cálculos sobre o fluxo de resultados futuros da companhia: se aceito receber menos juros, significa que aceito pagar um preço maior pelos ativos. Esse movimento produziu altas substanciais no preço dos ativos mundiais.
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Há um componente novo na parada, que é o aumento da demanda mundial de produtos provocado pelo fator China. Mesmo assim, o componente financeiro mantém enorme influência nos preços dos ativos. Além disso, com o mercado de derivativos, ficou extremamente difícil controlar a expansão da liquidez. Pois não se montou uma zorra justamente em cima de um dos financiamentos mais estáveis, o crédito imobiliário?
O problema dessas crises de liquidez é que se comportam como o canhão que se desprende da corrente do navio em plena tempestade: ninguém sabe para onde vai. Os movimentos de manada são terríveis. Ora se corre para um lado, ora para o outro.
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Em geral, caberia ao sistema dos maiores bancos centrais – FED, BCE, Banco da Inglaterra – coordenar essas expectativas. Mas a crise os deixou sem rumo, presos ao dilema de ou combater a inflação (provocando a deflação) ou combater a recessão (correndo risco de perder controle da inflação).
Quando se somam todos esses fatores, fica cada mais forte a hipótese da solução vir de forma traumática, na forma de uma deflação brava em cima da bolha. E aí, segundo a Bloomberg, bateria direto nas commodities internacionais.
Hoje em dia, o superávit brasileiro da balança comercial é inteirada calcada nos commodities, especialmente na alta dos preços. Daí a importância de se montar um plano de contingência para o caso de uma queda acentuada das cotações.
Fonte: http://www.projetobr.com.br/web/blog/6
terça-feira, 15 de julho de 2008
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