sexta-feira, 2 de maio de 2008

O novo desafio

"nada é mais perigoso para um país pobre do que uma chuva de dinheiro"

(Celso Furtado, 1974, in C.M/A luta contra o subdesenvolvimento em condições de abundância de divisas)

O que é o Investment grade?
Entenda o novo status


Grau de investimento é o reconhecimento por agências de classificação de risco de que um país tem capacidade de honrar o pagamento dos títulos que emite e oferece segurança ao investidor.
O outro nível de classificação é o grau especulativo, que qualifica países vulneráveis, que oferecem risco de calote.
O país recebe uma nota (rating) em uma escala que vai do nível de "inadimplente" até o de "extremamente capaz de cumprir compromissos"

Qual a classificação do Brasil?
No rating da agência Standard & Poor?s, o Brasil saltou anteontem do último nível do grau especulativo para o primeiro nível do grau de investimento.

Pssou da nota BB+ (menos vulnerável no curto prazo, mas enfrenta incertezas importantes em relação às condições comerciais, financeiras e econômicas adversas) para a nota BBB-, que significa que o País tem capacidade adequada para cumprir seus compromissos financeiros, embora ainda esteja sujeito a condições econômicas adversas.
Nessa posição está também a Índia

O que motivou essa promoção do País?
Melhoras em indicadores de dívida interna, reservas suficientes para bancar a dívida externa, aumento do comércio exterior, perspectiva de crescimento forte e sustentável e o cumprimento de metas de inflação e de superávit primário (economia para pagar juros da dívida interna)

O que muda para o País com a mudança para grau de investimento?
O país consegue obter recursos com mais facilidade e a um custo menor para financiar déficit nas transações com o exterior e atrai mais investimentos externos tanto para a produção como para o mercado financeiro. O impacto, no entanto, não é da noite para o dia.

O que muda para as empresas?

O rating do país tem influência no custo de captação das empresas locais no exterior e, assim, a nova classificação do Brasil deverá proporcionar redução de custos para as empresas nessas operações e aumentar investimentos na produção. Além disso, é esperado um incremento de fusões e aquisições com participação estrangeira. Internamente, espera-se que mais empresas abram o capital, diante do aumento da oferta de recursos na Bolsa

O que muda para o investidor na Bolsa de Valores?
É esperado um maior fluxo de capital externo de qualidade, não especulativo, porque fundos de pensão que restringem seus investimentos a países com grau de investimento podem agora aplicar aqui. Com isso, a bolsa pode valorizar-se

Qual a influência do grau de investimento na cotação do dólar?
A princípio, de queda ante o real, como ocorreu anteontem, quando o dólar caiu 2,52% para R$ 1,663. O motivo é a excessiva oferta de dólar com o aumento da entrada de capital externo no País. A desvantagem é que isso encarece ainda mais as exportações brasileiras, mas barateia importações

Qual a influência sobre a taxa de juros?
Teoricamente, a promoção do Brasil a grau de investimento deveria levar a uma redução dos juros internos. Mas analistas têm dúvidas de que isso ocorrerá logo porque, no momento, a perspectiva de alta do juro está ligada à necessidade de desaquecimento econômico para conter a inflação

Na escala de grau de investimento, há outros níveis a alcançar?
Sim, na escala da S&P, o Brasil precisa galgar mais nove degraus para chegar ao nível máximo, de capacidade extremamente forte de cumprir compromissos financeiros, onde estão países como EUA, Reino Unido, França, Espanha e Suécia
(O Estado de S. Paulo, 02-05-2008)

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Primeiro de maio (*)

Frases que nunca mais ouviremos: "Madame, sua liteira chegou", "Quem será o center-forward do scratch?" e "Trabalhadores do mundo, uni-vos". Os trabalhadores do mundo são vítimas da globalização perversa que aboliu as fronteiras para empregadores atrás de mão-de-obra barata e desregulada mas não para eles. Trabalhadores do mundo rico são prisioneiros das vantagens que conquistaram, que os impedem de competir com os trabalhadores do mundo pobre. Estes não podem ser solidários com suas reivindicações de tarifas altas para proteger seus empregos pois perderiam os seus. Nenhuma solidariedade proletária é possível num mundo em que o capital vai atrás do lucro onde quiser e o único internacionalismo permitido ao trabalho é a migração ilegal e o tráfego tétrico de empregos exportados cruzando com desemprego importado.

Economistas neoclássicos dizem que o exercício continuado do livre comércio dará razão ao ur-clássico David Ricardo, que no século 18 teorizou que Estados nacionais explorando suas respectivas vantagens em recursos naturais, capacidade industrial e mão-de-obra acabariam se complementando e todos ganhariam com isto, inclusive os trabalhadores, no melhor de todos os modelos econômicos possíveis. Mas o Ricardão tinha outra teoria, que chamava de "a lei férrea dos salários". Para ele, mesmo no melhor dos mundos teóricos, os salários tenderiam a se estabilizar ao nível da subexistência mínima, já que o trabalho é um recurso universalmente disponível e infinitamente substituível.

A organização do trabalho a partir do século 19 e o crescimento dos sindicatos parecia desmentir esse fatalismo de Ricardo, pois os trabalhadores aos poucos deixaram de ser o lado indefeso do modelo ideal. A legislação social, em maior ou menor grau, nos países industrializados - ou em países como o Brasil, em que a legislação precedeu a industrialização - prevenia a teoria de Ricardo, pelo menos em teoria, e as condições para a confirmação da sua lei férrea. A globalização restaurou estas condições. O trabalho organizado perde a sua força até em países como a França e a Alemanha, onde sindicatos e movimentos sociais sempre tiveram grande participação política, e a receita para "responsabilidade" econômica passa pela flexibilização de leis trabalhistas e outros eufemismos para roubar do trabalho o seu poder de barganha. Trabalhadores do mundo inteiro hoje não têm nada a perder a não ser uns 200 anos de luta, mais ou menos. O pensamento de David Ricardo estava tristemente certo. Só foi um pouco prematuro.

(*) Luis Fernando Veríssimo/publicado no Globo etc

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Conquista de "grau de investimento" atrai capital estrangeiro

30/04/2008 - 16h05
Brasil recebe título de grau de investimento pela agência S&P
Da Redação
Em São Paulo

O Brasil adquiriu nesta quarta-feira o título de grau de investimento pela agência de avaliação de rating Standard & Poor´s. Com esta nova nota, o país entra no grupo de países considerados de pouca possibilidade de inadimplência. Isso significa que o Brasil passa a ser visto como de baixo risco para aplicações financeiras de estrangeiros.

Fonte: UOL Economia (http://economia.uol.com.br/ultnot/2008/04/30/ult4294u1293.jhtm)


30/04/2008 - 16h35
Bovespa dispara após notícia de que país virou grau de investimento

Da Redação
Em São Paulo

A notícia de que o Brasil passou a ser considerado grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, divulgada na tarde desta quarta-feira, fez a Bolsa de Valores de São Paulo disparar.

Às 16h30, o Ibovespa, principal indicador do mercado brasileiro de ações, avançava 5,64%, a 67.425 pontos (acompanhe gráfico da Bolsa com atualização constante). Caso feche o dia nesse patamar, o mercado brasileiro de ações baterá recorde pela primeira vez no ano.

A obtenção do selo de grau de investimento anima investidores porque alguns fundos internacionais só colocam dinheiro em países que têm esse status.

"No curto prazo gera euforia e no médio prazo a gente vai ter algumas fontes de recursos que não podiam investir em países que não eram 'investment grade'", afirma Vladimir Caramaschi, economista chefe da Fator Corretora (saiba como a notícia do grau de investimento repercutiu entre analistas).

EUA: juros e PIB

Contribuíram para agitar as Bolsas de Valores nesta quarta-feira duas notícias vindas dos Estados Unidos. O banco central americano reduziu de 2,25% ao ano para 2% ao ano sua taxa básica de juros.

E o crescimento da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre deste ano surpreendeu analistas. O PIB (Produto Interno Bruto) do país expandiu-se a uma taxa anual de 0,6%, mais que o 0,2% previsto.

(Com informações de Reuters e Valor Online)
Fonte: UOL Economia (http://economia.uol.com.br/cotacoes/ultnot/2008/04/30/ult1918u931.jhtm)

Fed mantém ciclo de cortes e reduz juros em 0,25 ponto, para 2%

30/04/2008 - 15h15

VINICIUS ALBUQUERQUE
da Folha Online

O Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) reduziu nesta quarta-feira sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 2% ao ano. Trata-se do sétimo corte consecutivo desde setembro do ano passado.

A atual série de cortes começou com parte dos esforços do governo americano para tentar evitar que o país caísse em recessão, devido à crise no mercado de hipotecas de risco, deflagrada no ano passado.

Como se viu no resultado do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) referente ao primeiro trimestre divulgado hoje, a economia ainda não se recuperou do golpe sobre o mercado imobiliário: a expansão da economia americana foi de apenas 0,6% --mesmo percentual visto no último trimestre do ano passado.

Juros nos EUA

Ontem, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que a economia do país está "muito lenta". O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, admitiu no início deste mês, pela primeira vez, que a economia americana corre o risco de entrar em recessão no primeiro semestre deste ano.

"Não parece provável que o PIB cresça muito, se é que cresce, na primeira metade de 2008, e ainda poderia se contrair um pouco", disse Bernanke (uma contração no PIB em dois trimestres seguidos é uma definição consensual de recessão). Ele declarou ao Congresso que uma estabilização do mercado imobiliário poderia ser uma contribuição a uma melhora da economia americana.

Os indicadores mais recentes, no entanto, mostram um cenário pouco animador para quem espera ver uma recuperação chegando pelo lado do mercado imobiliário. O índice S&P/Case-Shiller, divulgado ontem, mostrou que os preços dos imóveis residenciais em 20 regiões metropolitanas dos EUA tiveram queda de 12,7% em fevereiro, na comparação com fevereiro de 2007.

A RealtyTrac (empresa que compila dados sobre o setor imobiliário), por sua vez, informou que o número de imóveis residenciais nos EUA em processo de despejo no primeiro trimestre deste ano cresceu 112% na comparação com o primeiro trimestre de 2007.

Na semana passada, o Departamento do Comércio informou que as vendas de casas novas caíram 8,5% em março, atingindo 526 mil unidades, menor nível desde outubro de 1991. A NAR (Associação Nacional dos Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) também apontou queda de vendas, desta vez de casas usadas : foram vendidas em março 5,03 milhões de unidades (dado anualizado), 2% a menos do que em fevereiro e 19,3% menor do que no mesmo mês de 2007.

Mercado de trabalho e inflação

O que começou como uma crise imobiliária e que ficou inicialmente apenas no âmbito financeiro -- tendo já causado perdas de bilhões de dólares a baços e empresas de financiamento imobiliário - vem se aproximando cada vez mais da economia real.

O mercado de trabalho vem sofrendo perdas a cada mês desde o início deste ano. Em março foram eliminadas nos EUA 80 mil vagas, marcando o terceiro mês consecutivo de fechamento de postos de trabalho. A taxa de desemprego em março por sua vez foi calculada em 5,1%, contra previsões de 5% (em fevereiro, o governo americano havia reportado taxa de desemprego de 4,8% e o fechamento de 76 mil postos de trabalho).

Os números de abril referentes ao mercado de trabalho devem ser divulgados nesta sexta-feira (2). A expectativa é de uma nova queda no número de postos de trabalho no país.

As perdas de empregos tiram dos americanos a disposição para gastar, bem como a avaliação da economia em geral. O instituto privado de pesquisa Conference Board informou ontem que o índice de confiança do consumidor americano na economia recuou para 62,3 pontos em abril, contra 65,9 em março (dado revisado). O dado foi o menor desde março de 2003.

A inflação também tem efeito sobre a percepção dos consumidores americanos a respeito da economia. O CPI (índice de preços ao consumidor norte-americano) teve alta de 0,3% em março após ter ficado estável em fevereiro. Em 12 meses, o CPI teve variação de 4%.

Já o PPI (inflação no atacado) teve alta de 1,1% no mês passado, muito acima do esperado pelos analistas (variação entre 0,4% e 0,6%). A persistência de movimentos ascendentes de preços como esse pode dificultar o já duro trabalho do Fed, de tentar evitar a recessão (baixando os juros para estimular o consumo) e controlar a inflação (o que poderia exigir até mesmo altas de juros, pondo em risco assim as tentativas de estimular o consumo).

Pacote

No mês passado, Bush afirmou que os estímulos fiscais aprovados por seu governo permitirão que a economia do país retome o vôo apesar dos problemas que enfrenta atualmente.

Em fevereiro, Bush sancionou o pacote, que dará cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos. Mais de 130 milhões de pessoas serão beneficiadas. O pacote prevê uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por filho. Quem não não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, terá direito a cheques de US$ 300.

Essa injeção de dinheiro permitirá que os contribuintes e as empresas destinem mais recursos ao consumo e ao investimento, o que por sua vez criará mais empregos.

A economia "emergirá mais forte do que nunca" graças a esses reembolsos, afirmou.

Fonte: Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u397209.shtml)

A taxa de juro lá e cá

28/04/2008 12:52:13

Márcia Pinheiro

O Copom do Federal Reserve reúne-se na quarta-feira 30. Há grande expectativa sobre a decisão da equipe comandada por Ben Bernanke. A maioria das previsões aponta para mais uma queda do juro, de 0,25 ponto porcentual, para 2% ao ano. A taxa básica brasileira está em 11,75%. O diferencial é imenso.

Daí porque não vai ser estranho o País registrar um novo déficit em conta corrente, que será divulgado na segunda 28. Há um consenso de que o entra-e-sai da moeda americana no País terá um saldo negativo de 2,8 bilhões de dólares. O rombo está em ascensão, pelo evidente fato de as exportações se tornarem menos competitivas (vide resultado da Vale) e é vantajoso para as multinacionais remeterem lucros e dividendos às matrizes, com o dólar a 1,65 real. Barbada¹.

O câmbio deixou de ser manchete, em função da crise da oferta de alimentos mundial. Mas é o pano de fundo para as distorções da economia brasileira. Os exportadores podem se virar, aumentar a produtividade ou aproveitar o juro dos famosos ACCs (Adiantamento de Contrato de Câmbio). Mas é como dar nó em pingo d’água. Cedo ou tarde, o estrago estará feito.

Dica econômico-cultural
O site RGE Monitor, do economista Nouriel Roubini, é um dos mais completos panoramas da economia global. Para análises detalhadas, é preciso ser assinante. Mas são abertos o blog de Roubini e o Latin America EcoMonitor, com artigos de especialistas latino-americanos sobre a região. Confira.

Na batida da semana
Além da reunião do Fed e do resultado das contas externas brasileiras, destaco o IGP-M de março, que sai na terça 29. De 0,74% naquele mês, vai cair para alguma coisa ao redor de 0,50% em abril. Seria boa notícia, não fosse o fato de o Copom já ter “tabelado” a alta do juro até o fim do ano.

Dos Estados Unidos, vem o crescimento do PIB no primeiro trimestre do ano. Ainda é prévia, mas vai cair à metade do pífio de aumento de 0,6% da previsão anterior. Atenção, ainda, aos dados do mercado de trabalho nos EUA, que serão divulgados na sexta 2 de maio. Vem mais confusão por aí, com aumento do desemprego de 5,1% para 5,2% em abril e fechamento de cerca de 75 mil postos de trabalho.


Fonte: CartaCapital (http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=799)

¹: grifo meu: isso está linkado com o seguinte post: http://vozes-internas.blogspot.com/2008/04/crise-em-dia-de-recordes.html

Risco Brasil cai 1,32% e fecha aos 225 pontos

Valor Online
29/04/2008 20:51


SÃO PAULO - Considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores na economia brasileira, o EMBI+ Brasil, calculado pelo Banco JP Morgan Chase, encerrou aos 225 pontos hoje, com aumento de 1,32% perante os 228 pontos do fechamento de ontem. 

No mercado secundário de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40 era negociado a 134,625% do seu valor de face, com avanço de 0,23%. O segundo papel mais representativo do índice do JP Morgan, o Global 18 ou A-Bond (Amortizing Bond ou Bônus de Amortização), marcava 112,813%, com alta de 0,28%.

Sobre o EMBI + Brasil

O Emerging Markets Bond Index - Brasil é um índice que reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo. 

O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA. 

Basicamente, o mercado usa o EMBI+ para medir a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros. A interpretação dos investidores é de que quanto maior a pontuação do indicador de risco, mais perigoso fica aplicar no país. Assim, para atrair capital estrangeiro, o governo tido como " arriscado " deve oferecer altas taxas de juros para convencer os investidores externos a financiar sua dívida - ao que se chama prêmio pelo risco. 

Fonte: Valor Online, com agências internacionais (http://www.valoreconomico.com.br/valoronline/Geral/financas/Risco+Brasil+cai+132+e+fecha+aos+225+pontos,08304,,23,4903722.html)

terça-feira, 29 de abril de 2008

ONU cria força-tarefa para combater crise dos alimentos

29/04/2008 - 08h11

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, anunciou nesta terça-feira o estabelecimento de uma força-tarefa das agências das Nações Unidas para apresentar soluções coordenadas para a crise provocada pelo forte aumento dos preços dos alimentos no mercado internacional.

"Nós consideramos que a dramática escalada nos preços dos alimentos se transformou em um desafio sem precedentes de proporções globais atingindo as pessoas mais vulneráveis, incluindo os pobres que vivem em centros urbanos", diz o comunicado da ONU.

Segundo Ban, o mundo enfrenta o risco de fome generalizada, problemas relacionados à má nutrição e distúrbios sociais.

O anúncio foi feito após uma reunião de dois dias em Berna, na Suíça, com representantes do Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP), do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), de outras 20 agências da ONU, além dos presidentes do Banco Mundial, Robert Zoellick, e da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. A força-tarefa irá estudar tanto medidas de emergência como de longo prazo para combater a crise causada pela alta acentuada no preço de alimentos como trigo e arroz. Os preços de alimentos como arroz, grãos, óleo e açúcar estão pelo menos 50% mais altos do que há um ano.

A correspondente da BBC em Berna Imogen Foulkes disse que o maior desafio é lidar com o problema no longo prazo - como promover agricultura sustentável, combater a mudança climática e, ao mesmo tempo, garantir que uma quantidade suficiente de alimentos seja produzida.

Impacto

A ONU estima que 100 milhões de pessoas já foram atingidas pela recente escalada no preço dos alimentos em todo o mundo, e o Programa Mundial de Alimentos diz que precisará de mais U$ 755 milhões neste ano para lidar com o número cada vez maior de pessoas que necessitam de ajuda.

O Banco Mundial anunciou que irá dobrar os empréstimos para a produção agrícola na África no próximo ano e disse que está considerando fornecer financimentos mais flexíveis e de forma mais rápida para países pobres. Por outro lado, Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial alertou os países a evitarem medidas como a suspensão de exportações de alimentos, dizendo que a estocagem dos mesmos pode elevar ainda mais os preços¹. Na Ásia, alguns países suspenderam exportações de arroz para garantir o suprimento da demanda interna. O governo filipino deve lançar o "cartão do arroz" para possibilitar que famílias pobres comprem o produto pela metade do preço do mercado. Na segunda-feira, a Malásia divulgou que vai subsidiar produtores domésticos para garantir que o arroz seja vendido por um preço acessível.

A alta dos preços dos alimentos e dos combustíveis provocou a queda do primeiro-ministro do Haiti, Jacques Edouard Alexis.

Fonte: UOL Últimas Notícias

¹: grifo meu

Crédito bancário atinge maior nível desde 1995, informa BC

29/04/2008 - 12h35

EDUARDO CUCOLO

da Folha Online, em Dinheiro

Apesar do aumento das taxas de juros no primeiro trimestre do ano, o volume de crédito bancário atingiu o maior patamar desde janeiro de 1995.

Segundo a pesquisa mensal de juros e crédito do Banco Central, o volume de financiamentos subiu 31,1% nos últimos 12 meses e alcançou R$ 992,7 bilhões. Esse valor corresponde a 35,9% do PIB (Produto Interno Bruto), ante 35% em fevereiro.

O aumento do volume de crédito foi puxado pelos empréstimos à indústria (com destaque para petroquímica, alimentos, veículos e agronegócio), que cresceram 38%, e para as pessoas físicas (33,8%).

O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, destacou que, apesar do aumento dos juros e do crédito no trimestre, a inadimplência se manteve em queda, atingindo o menor nível desde outubro de 2005 (4,1% em março).

"É um crescimento bastante forte que se dá de forma generalizada em todas as modalidades de crédito, num quadro de inadimplência em queda", diz Lopes.

Dados parciais do BC até o dia 15 abril mostram que o crescimento do crédito se manteve. Houve aumento de 2,2% no total (1,3% para pessoa física e 2,9% para pessoa jurídica).

"Essa trajetória para os primeiros dias de abril permanece, talvez não com tanta intensidade", diz Lopes.

Fonte: Folha Dinheiro

As frases do dia

"A especulação é responsável por 30% da explosão dos preços, especialmente a Bolsa de Valores de Chicago, onde os fundos de produtos básicos dominam 40% dos contratos"

(Jean Ziegler -relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Alimentação, qye também criticou os biocombustíveis, ressalvando que o caso do etanol brasileiro é"uma exceção --El País, 29-04-2008)


"Nos EUA, a inclemência e abrangência da atual crise financeira corroeu a liberdade dos mercados de operarem com menos controle governamental. A questão agora não é se a regulamentação vai aumentar, e sim quanto. Os três candidatos a presidente dizem que vão criar regulamentações mais duras para o mercado financeiro e também vão incentivar programas governamentais para retreinar trabalhadores prejudicados pela globalização".

(Bob Davis, The Wall Street Journal/Valor 29-04)

segunda-feira, 28 de abril de 2008

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A frase da hora
“Toda a vez que o dólar cai 1%, o preço do barril sobe US$ 4”
(Chakib Khelil, Presidente da OPEP- 28-04)

A crise em dia de recordes

Petróleo bate recorde e Opep não descarta barril a US$ 200

O contrato futuro do petróleo WTI, negociado no pregão eletrônico da Nymex, em Nova York, atingiu novo recorde de preço nesta segunda, aos US$ 119,93 o barril. O presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Chakib Khelil, não descarta a possibilidade de o barril atingir US$ 200, segundo publicou nesta segunda-feira o jornal estatal argelino El Moudjahid.
Khelil disse que "os preços estão elevados em conseqüência da recessão nos EUA e da crise econômica que atinge muitos países, uma situação que influencia a queda do dólar". Segundo afirma, toda a vez que o dólar cai 1%, o preço do barril sobe US$ 4
(Agências)

País tem déficit recorde em conta corrente (*)

O Brasil registrou em março o maior déficit da história para este mês em transações correntes, de 4,429 bilhões de dólares. Um saldo comercial declinante e elevadas remessas de lucros e dividendos explicam o resultado. No trimestre, o déficit em transações correntes atingiu 10,757 bilhões de dólares, também recorde para o período.
Somado ao déficit previsto para abril pelo BC, de 2,8 bilhões de dólares, o resultado negativo pode chegar a 13,557 bilhões de dólares --acima do déficit de 12 bilhões de dólares estimado pelo governo para todo o ano.
"O que nós estamos observando em relação ao balanço de pagamentos brasileiro é uma mudança de estrutura", afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a jornalistas. "Uma estrutura que tem agora como componente principal a balança comercial com um saldo menor, remessas de lucros e dividendos bem maiores(Reuters 28-04)
(*) Conta corrente= saldo comercial + conta de serviços (remessas de lucros, juros, royalties, assistência técnica etc) + transações unilaterais (remessas de imigrantes brasileiros, por exemplo)

Capital estrangeiro faz remessas recordes em março

Apenas em março, as remessas das empresas estrangeiras sediadas no país alcançaram US$ 4,345 bilhões, o maior volume da série histórica do Banco Central. No trimestre elas chegaram a US$ 8,662 bilhões, tambémum recorde histórico. Além das tradicionais explicações que incluem a maior lucratividade das empresas e o maior peso do passivo externo líquido na economia brasileira hoje (estoque total de capital estrangeiro que demanda remessas ao exterior) , o BC relacionou também esse movimento à crise externa. As remessas mais volumosas partem dos setores financeiro, automobilístico e metalúrgico. São segmentos que registram elevada rentabilidade no Brasil, mas que enfrentam as maiores dificuldades no exterior por conta da crise nos EUA. Apesar do salto nas remessas, o BC destacou que a queda das despesas líquidas com o pagamentos de juro da dívida externa contribuiram para amenizar esse efeito no balanço de pagamentos.
(Agências)

Conta de capitais tem ingresso recorde de investidores em renda fixa

De janeiro a março , os investimentos estrangeiros no país somaram 8,799 bilhões de dólares, o montante o mais elevado da série. O investimento estrangeiro em aplicações de renda fixa (NR títulos públicos, por exemplo, que pagam juros de 11,75% a.a. contra 0,5% no Japão e 2,5% nos EUA) atingiu US$ 4,065 bilhões em março, informou hoje o Banco Central.
O valor é 40,85% superior ao registrado em fevereiro deste ano, quando ingressaram US$ 2,886 bilhões nestas aplicações, e maior do que o registrado em março de 2007, de US$ 3,781 bilhões.
No acumulado de 2008 até o mês passado, a entrada de dólares para aplicações em renda fixa somou US$ 8,263 bilhões, contra US$ 6,470 bilhões em igual período de 2007.
(Agência Estado)

Brasil registra déficit comercial de US$ 88 milhões na 4ª semana de abril
O saldo da balança comercial na quarta semana de abril (dias 21 a 27) registrou um déficit de US$ 88 milhões, com exportações de US$ 2,761 bilhões (média diária de US$ 690,2 milhões) e importações de US$ 2,849 bilhões (média diária de US$ 712,1 milhões). O saldo acumulado no mês passa para US$ 1,333 bilhão (positivo) e no ano, US$ 4,170 bilhões (também positivo). Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e serão detalhados hoje à tarde
(Agência Estado).

ONU culpa biocombustível e especulação por crise de alimentos

Relator pede paralisação de 5 anos na produção de biocombustíveis, que chamou de crime contra a humanidade
http://www.estadao.com.br/economia/not_eco164069,0.htm

Agências internacionais

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GENEBRA - A transformação de alimentos em biocombustíveis e a especulação financeira são as principais causas da alta dos preços dos produtos alimentícios, afirmou nesta segunda-feira, 28, o relator da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Direito à Alimentação, Jean Ziegler, que qualificou a crise de "verdadeira tragédia".

Ziegler classificou como "histórica e essencial" a reunião que as agências e organismos da ONU - com a presença do secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon - realizaram nesta segunda em Berna para enfrentar a crise alimentícia.

O relator apelou aos colaboradores do Programa Mundial de Alimentos (PAM) da ONU para que aumentem suas doações, porque a agência "perdeu 40% de seu poder aquisitivo em três meses" devido à alta dos preços. Ziegler lembrou que 75 milhões de pessoas no mundo "dependem de receber as provisões do PAM para sua sobrevivência".

O relator, que deu uma entrevista coletiva em Genebra para fazer um balanço de seu mandato, disse que os biocombustíveis são "um crime contra grande parte da humanidade, algo intolerável", pois a transformação em massa de alimentos em combustível provocou a escalada dos preços de produtos básicos para milhões de pessoas.

Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) citados por Ziegler, no último ano, o preço dos cereais - especialmente o trigo - aumentou 130%; o do arroz, 74%; o da soja, 87%; e o do milho, 53%.

Além disso, há os custos do transporte dos alimentos, lembrou o suíço. Por isso, o relator defendeu uma moratória imediata durante pelo menos cinco anos na produção de biocombustíveis.



Subsídios



Ziegler afirmou ainda que os esforços da Organização Mundial do Comércio (OMC) para acelerar as discussões sobre liberalização do comércio trabalham contra aqueles que estão morrendo de fome.

"A linha tomada por Pascal Lamy (diretor-geral da OMC) é completamente contra os interesses das pessoas que estão morrendo de fome porque são exatamente as tarifas protecionistas que permitem que os produtores europeus cultivem lavouras para alimentação", disse ele. A OMC e "os subsídios agrícolas de países ricos têm destruído a agricultura de países pobres, e um sistema mais aberto resultaria em menos distorção", acrescentou.

Ele também criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), que "impôs aos países mais pobres" o cultivo de lavouras que não são destinadas à alimentação, reduzindo assim ainda mais a produção de alimentos.

Questionado sobre medidas protecionistas adotadas por vários países produtores de arroz, Ziegler afirmou que tal atitude gera especulação. Mas ele acrescentou que "entende a atitude desses países que consideram antes suas próprias provisões". Seus governos "sabem que, na História, distúrbios sociais causados pela fome podem derrubar Estados inteiros."