sexta-feira, 25 de abril de 2008


Ingresso de capital externo na Bolsa

O saldo de capital estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) em abril apontou entrada líquida de 6,1 bilhões de reais até o dia 22, momentaneamente o maior ingresso mensal da história.
O recorde até agora é de setembro de 2007, mês em que as compras de ações por estrangeiros na bolsa paulista superaram as vendas em 3,8 bilhões de reais.
A forte entrada em abril reverteu o resultado acumulado em 2008. O saldo, que estava negativo em 5,78 bilhões de reais até o final de março, passou para um superávit de 350 milhões de reais.
Em fevereiro, os estrangeiros haviam resgatado 4,7 bilhões de reais da Bovespa, o que havia também sido o maior déficit mensal do mercado acionário brasileiro.
Os dados preliminares de abril coincidem com a queda da participação dos estrangeiros no volume de negócios da bolsa paulista para 32,7 por cento, a menor desde julho de 2006.
(Reuters/ sexta-feira, 25 de abril de 2008 15:53 BRT

BC anuncia leilão para compra de dólares no mercado à vista; moeda cai 0,17%

SÃO PAULO - O Banco Central (BC) anunciou há pouco leilão para compra de dólares no mercado à vista de câmbio. Segundo comunicado do Departamento de Operações de Reservas Internacionais (Depin) do BC, a atuação tem início às 15h04 e termina às 15h14. Há pouco, a moeda era transacionada a R$ 1,666 na compra e R$ 1,668 na venda, queda de 0,17%.

Fonte: Valor Online (http://www.valoreconomico.com.br/valoronline/Geral/financas/cambio/BC+anuncia+leilao+para+compra+de+dolares+no+mercado+a+vista+moeda+cai+017,08254,,29,4899425.html)

Lula: plantaremos mais trigo para não depender da Argentina


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira que o Brasil vai produzir mais trigo para não depender tanto da Argentina. Em lançamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em Campinas, no interior de São Paulo, Lula disse que a produção de alimentos não acompanhou a demanda, mas que a crise "é passageira, não é coisa perigosa". O presidente também disse que vai provar que o País pode fabricar biocombustível sem alterar a produção.


"Há mais pobres comendo, graças a Deus. Tem mais chineses, indianos, africanos e brasileiros comendo", disse ele. "E a produção não cresceu como a demanda. É uma crise em que pode ser muito curta a falta de feijão, mas isso não vale para o arroz e nem para o trigo", completou.
Lula também rebateu as críticas de outros países aos produtos brasileiros. "Este País, que um dia foi tratado como insignificante, é hoje o maior exportador de carne, de soja, de café e de suco de laranja do mundo", afirmou.


"Quando o Brasil começa a disputar com eles (outros exportadores), em alguns países do mundo começa a sair na televisão: 'o zebu brasileiro não é gado, o álcool aumenta o preço do alimento'. São umas mentiras tão deslavadas", disse o presidente.

Fonte: http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200804251452_RED_76889746

Alta no preços dos alimentos é passageira, afirma Lula

A alta no preço dos alimentos não deve ser vista como algo perigoso, de acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O que está acontecendo agora no mundo? Tem mais pobres comendo e a produção de alimentos não cresceu de forma proporcional à demanda que a sociedade está tendo. Isso não poder ser visto como uma coisa perigosa, isso é uma coisa passageira", afirmou ao discursar no início da manhã desta sexta-feira, em Campinas, São Paulo.
O presidente destacou que, no entanto, a produção de grãos no Brasil cresce anualmente. "O crescimento do conhecimento da tecnologia está fazendo com que a gente plante cada vez mais em áreas cada vez menores, que a gente colha mais", ressaltou.
Durante a visita ao Estado de São Paulo, Lula autoriza o início de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), como projetos de iluminação pública, de esgoto sanitário, pavimentação de asfalto, abastecimento de água e construção de moradias populares em regime de mutirão.

Fonte: http://br.invertia.com/noticias/noticia.aspx?idNoticia=200804251728_ABR_76890338
A frase da hora (14:32)


"Etanol é como colesterol. Tem colesterol bom e colesterol ruim. O etanol de cana é o colesterol bom...utiliza terras que não estão sendo destinadas a culturas como arroz, milho, trigo... Contribui para menor emissão de CO2 e dá emprego"
(Celso Amorim ministro das Relações Exteriores /Reuters 25-04)




Governo arrecada R$ 51 bilhões em março, mas ...


O governo federal arrecadou 51 bilhões de reais em impostos e contribuições em março, alta de 7,67 por cento sobre igual mês do ano passado em termos reais.Apesar do fim da arrecadação da CPMF, em dezembro, o dado foi recorde para meses de março.No primeiro trimestre, a arrecadação totalizou 162,581 bilhões de reais, 12,97 por cento acima do registrado nos três primeiros meses de 2007.Os dados, divulgados pela Receita Federal do Brasil nesta sexta-feira, são corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).(...) o crescimento está relacionado à maior lucratividade das empresas e ao aumento das vendas e da produção industrial
(Reuters 25-04)



... paga R$ 12,5 bilhões de juros da dívida interna (24,5% da receita)


A dívida pública interna em títulos subiu 0,63% em março e atingiu a marca de R$ 1,25 trilhão, de acordo com dados do Tesouro Nacional divulgados ontem.A alta ocorreu por causa do pagamento de juros, que no mês passado, ainda antes da alta na taxa básica promovida pelo Comitê de Polícia Monetária (Copom) do Banco Central, somou R$ 12,56 bilhões.A conta de juros resultou na elevação da dívida, mesmo com o Tesouro tendo feito um resgate líquido - vencimentos maiores que ofertas de novos títulos em mercado - de R$ 5 bilhões.
(O Estado de S. Paulo, 25-04-2008)


Espiral ascendente


“A crise alimentar afeta o mundo inteiro, se expressa no aumento dos preços e provoca inflação, uma inflação mundial da qual ninguém escapa”. Como exemplo do impacto sobre os produtos indispensáveis na dieta de países pobres, Carlos Lage, vice-presidente cubano indicou que uma tonelada de arroz, que em 2002 custava 220 dólares, hoje está sendo comercializada por 860 dólares e “já estão sendo realizadas operações, com entrega para dentro de um ano, em que o arroz está sendo cotado a 1.200 dólares a tonelada”.
(Página/12, 24-04—2008)




Personagens ocultos


“...Seu apelido no setor é "Rei dos Commodities" e seu fundo hedge Ospraie é o maior do mundo (...) Há não muito tempo, Dwight Anderson recebia os repórteres com braços abertos. Atualmente, entretanto, Anderson evita a mídia. Ele até mesmo manteve seu rosto longe da mídia ao comprar os direitos de todas suas fotos disponíveis no mercado. Seu porta-voz é atualmente pago, em grande parte, para não dizer nada.
(Der Spiegel/24/04/2008)


Produtores perplexos


“... terça-feira, Washington, DC, um órgão regulador chamado Comissão de Comércio de Commodities e Futuros (CFTC, na sigla em inglês) (...) audiências públicas
...Produtores rurais e de alimentos argumentaram que o mercado estava "quebrado", sugerindo que o aumento acentuado no preço de alimentos básicos estava prejudicando a todos -tanto produtores rurais quanto as pessoas que alimentam. "O mercado está quebrado, não está funcionando direito", disse Billy Dunavant, chefe de uma empresa produtora de algodão nos Estados Unidos, na audiência de terça-feira.
(Der Spiegel/24/04/2008)



Fundamentos e descolamento


“ ...Biocombustíveis e aquecimento global foram culpados pela escassez que está provocando a alta dos preços dos alimentos, e ambas as tendências tiveram um papel. As reservas de grãos do planeta estão quase vazias por vários motivos, incluindo crescimento da população mundial e maior prosperidade em alguns países, como a Índia ( ...) Isto ajuda a explicar por que os preços dos commodities estão subindo desde o início de 2006...Mas a teoria clássica de oferta e demanda oferece apenas uma explicação parcial. As altas repentinas nos preços desde janeiro foram alarmantes.
(Der Spiegel/24/04/2008)



A mão que balança as cotações


“...A especulação de commodities se expandiu há muito tempo de produtos-padrão como petróleo e ouro para qualquer coisa comestível e disponível para negociação na Bolsa de Futuros de Chicago. ... O mercado de futuros é uma ferramenta tradicional para agricultores venderem suas colheitas antes do tempo. Em um contrato futuro, quantidades, preços e datas de entrega são fixados, às vezes bem antes dos produtos serem plantados. Os contratos futuros permitem aos agricultores e atacadistas de grãos uma certa proteção contra condições climáticas adversas e flutuações excessivas dos preços. Eles também podem ajudar um agricultor a planejar quanto plantar em um determinado ano.Mas agora os especuladores estão tirando proveito deste mecanismo....Alguns especialistas acreditam que os investidores tomaram conta do mercado, comprando futuros em níveis sem precedentes e provocando alta nos preços a curto prazo. Desde agosto passado, este mecanismo fez com que o arroz chegasse ao dobro do preço.
(Der Spiegel/24/04/2008)



A opinião dos veteranos de Chicago...


Greg Warner trabalha no setor atacadista de grãos por mais de duas décadas. Seu escritório fica a um quarteirão da Bolsa de Futuros de Chicago. Ele diz que o que está acontecendo agora no mercado de trigo é sem precedente."O que normalmente temos é um grupo previsível de vendedores e compradores -principalmente agricultores e operadores de silos", ele diz. Mas a paisagem mudou desde o ingresso dos grandes fundos de índices. Os administradores de fundos buscam maximizar seus lucros usando contratos futuros, diz Warner, "e os preços continuam subindo e subindo".
(Der Spiegel/24/04/2008)



Adeus Adam Smith


"O enorme afluxo de capital fez com que os mercados de futuros não mais refletissem a oferta e demanda"-- Todd Kemp, da Associação Nacional de Grãos e Alimentos dos Estados Unidos.
(Der Spiegel/24/04/2008)

Programa Alimentar da ONU teme uma nova "tragédia dos alimentos" na Coréia do Norte

Por Philippe Pons; Tradução: Jean-Yves de Neufville

Os aumentos consideráveis dos preços mundiais dos cereais e as tensões políticas que vêm ocorrendo na península do sudeste asiático, combinados com péssimas colheitas estão provocando um agravamento da penúria de alimentos que já existia na República Popular Democrática da Coréia (RPDC), conforme o diagnóstico apresentado pelas organizações humanitárias em Seul. O Programa Alimentar Mundial (PAM), por sua vez, teme que uma nova "tragédia alimentar" venha a ocorrer caso "uma assistência externa de emergência" não for implantada.

Segundo a Good Friends, uma organização sul-coreana de inspiração budista, o regime da RPDC suspendeu a distribuição de rações alimentícias para a população de Pyongyang. Uma vez que os dois milhões de habitantes da capital eram considerados como "privilegiados", esta decisão - que por enquanto não foi confirmada oficialmente - permite pensar que a situação é de fato alarmante.

No final de março, o preço do quilo de arroz na capital havia aumentado em 42% no espaço de um mês, o que é um recorde. Os preços dos gêneros alimentícios no seu conjunto praticamente duplicaram no período de um ano. "Daqui para frente, é preciso desembolsar um terço de um salário médio mensal para comprar arroz, numa quantidade suficiente para alguns dias", comenta Jean-Pierre de Margerie, um responsável do Programa Alimentar Mundial que atua na RPDC, contatado por telefone em Pyongyang.

São vários os fatores que contribuem para a deterioração da situação alimentar neste país, que sempre esteve precária desde a onda de fome de meados dos anos 1990 (um milhão de mortos para uma população total de 23 milhões). A RPDC enfrenta um déficit crônico de alimentos de cerca de 1 milhão de toneladas por ano, em relação aos 6,5 milhões de toneladas necessárias para alimentar a sua população. Já faz mais de uma década, a RPDC depende amplamente da ajuda internacional. Em razão das inundações que ocorreram em setembro e outubro de 2007, a colheita de cereais do ano passado mal conseguiu alcançar os 3 milhões de toneladas, o que representou um déficit de 1,6 milhão de toneladas.

A esta queda da produção devem ser acrescentados os fatores políticos adversos. Sob a presidência de Lee Myong-bak, a Coréia do Sul adotou uma atitude mais firme em relação a Pyongyang, e tarda a encaminhar a sua ajuda alimentar anual (de 300.000 a 500.000 toneladas) que, nos anos anteriores, havia permitido que a sua vizinha do norte conseguisse superar as dificuldades dos longos períodos de inverno, além da "fome da primavera", que ocorre quando as reservas estão esgotadas. Ao travar esta queda de braço, Seul se esconde por trás da inexistência de qualquer pedido de ajuda por parte de Pyongyang para justificar suas delongas, enquanto a RPDC anunciou que estava rompendo o diálogo com Seul.

Restrições chinesas
A assistência internacional que o Programa Alimentar Mundial vinha fornecendo também diminuiu desde 2005, uma vez que Pyongyang chegou a pedir para pôr fim ao programa de emergência. O PAM alimenta cerca de um milhão de pessoas que são consideradas como vulneráveis (crianças, mulheres grávidas). Por fim, preocupada com a sua demanda interna, a China reduziu sensivelmente as suas vendas para o exterior de gêneros alimentícios, aumentando as suas taxas de exportação. A RPDC foi atingida em cheio por estas medidas.

Os especialistas se mostram divididos em relação às conseqüências deste agravamento da penúria. "A situação é alarmante, mas é pouco provável que ela provoque uma onda de fome tão dramática quanto aquela de meados dos anos 1990", avalia Erica Kang, da Good Friends. "Os riscos estão presentes, mas a situação atual é diferente. As pessoas aprenderam a não mais dependerem do Estado. Mesmo se o regime segue tentando controlar os mercados livres e acentua a repressão, a economia subterrânea constitui um paliativo. Além disso, a China não deixará a situação escapar do controle na RPDC, às vésperas dos Jogos Olímpicos. É pouco provável que nós assistamos a um afluxo de migrantes na sua fronteira, tal como ocorreu durante os anos 1990. Dos dois lados, os controles foram reforçados".

Ainda assim, a população está de fato se preparando para meses difíceis, principalmente nas regiões pobres do norte, onde podem aparecer bolsões de fome, segundo os especialistas.

Fonte: Le Monde

Os EUA podem aprender com a rápida recuperação econômica da Suécia?

Por David J. Lynch; Tradução: George El Khouri Andolfato

Enquanto as autoridades americanas buscam por soluções para o que muitos economistas estão chamando de a crise financeira mais séria desde a Grande Depressão, elas poderiam tirar algumas lições de outra emergência bancária dolorosa e onerosa.

No início dos anos 90, um enorme estouro de bolha imobiliária sueca encheu a economia nórdica de empresas financeiras quebradas, empresas inadimplentes e trabalhadores desempregados. Foi a primeira crise bancária sistêmica em um país industrializado desde os anos 30 e fez a economia sueca encolher por três anos consecutivos -algo que não acontece nos Estados Unidos desde a rápida desmobilização após a Segunda Guerra Mundial.

As crises sueca e americana compartilham muitas características: ambas ocorreram após períodos de desregulação financeira e ambas exibiram bancos audaciosos empregando manobras contábeis para assumir quantidades insustentáveis de dívidas. Felizmente, apesar das condições econômicas piores do que as atuais nos Estados Unidos -e diferente de um episódio semelhante no Japão- a Suécia se recuperou rapidamente.

Mas isso ocorreu de uma forma que seria altamente controversa nos Estados Unidos. A Suécia usou dinheiro dos contribuintes -muito- para reconstruir seus bancos feridos. "No caso da Suécia, a solução no final foi parar no balancete do governo. O governo acabou recapitalizando o sistema", disse o economista David Rosenberg, do Merrill Lynch. "Há uma lição aqui."

A gestão bem-sucedida da crise pela Suécia pode oferecer um roteiro para as autoridades americanas. Mas a limpeza sueca não foi barata. Ela custou à população cerca de 6% do produto econômico anual; uma conta equivalente para os Estados Unidos atualmente seria de quase US$ 850 bilhões. E a Suécia conseguiu implantar um socorro governamental ilimitado apenas por causa de um amplo consenso político que é difícil imaginar em meio ao clima hiperpartidário de uma eleição americana.

"Havia uma tradição na Suécia de cooperação entre os partidos. Era uma crise tão óbvia que todos estavam realmente assustados", disse Peter Englund, da Escola de Economia de Estocolmo.

Uma história familiar
Para qualquer um que esteja prestando atenção à deterioração das condições financeiras nos Estados Unidos, o episódio sueco parece estranhamente familiar. Primeiro, ocorreu uma expansão por vários anos, com os ganhos aumentando e os bons tempos parecendo permanentes.

Mas em meio ao boom, as sementes dos futuros problemas foram plantadas na Suécia. Uma desregulação abrangente dos mercados de crédito em 1985 introduziu os banqueiros a novos clientes, produtos e mercados que nem eles e nem os reguladores do governo entendiam plenamente. "A autoridade supervisora não estava preparada para o novo ambiente que surgiu após a desregulação do mercado de crédito. Isto fez com que, durante os anos 80, os bancos pudessem conceder empréstimos duvidosos e às vezes altamente inseguros sem qualquer intervenção supervisora", escreveu Urban Backstrom, na época alto funcionário do Ministério das Finanças.

Grande parte da avalanche de novos empréstimos foi despejada em um mercado imobiliário exageradamente aquecido, onde os preços dos imóveis comerciais mais que dobraram na segunda metade dos anos 80. Os primeiros sinais de problemas surgiram entre as empresas financeiras responsáveis por grande parte desses investimentos. Em setembro de 1990, uma empresa chamada Nyckeln -conhecida como "The Key" (a chave)- encerrou suas atividades quando foi incapaz de renovar seu financiamento.

Muitas financeiras eram de propriedade de um punhado de grandes bancos que dominavam a economia sueca. Empresas como a Nyckeln financiaram suas operações com um novo tipo de papel comercial chamado "marknadsbevis", que os bancos garantiam. Quando a Nyckeln se tornou inadimplente, o mercado para estes títulos repentinamente entrou em colapso e as perdas ricochetearam de volta aos balancetes dos bancos, assim como os bancos americanos de hoje sofrem com as perdas com os títulos complexos que cancelaram em seus balancetes.

"Há uma semelhança notável com o que está acontecendo agora", disse Staffan Viotti, alto conselheiro do presidente do banco central sueco.

No final de 1991, havia indicações de que dois dos maiores bancos suecos tinham esgotado suas reservas de capital e estavam caminhando para a falência. Os preços dos imóveis, que antes pareciam capazes de apenas subir, despencaram 50% em 18 meses.

A economia encolheu em 1991 pela primeira vez em 10 anos e então continuou encolhendo em 1992 e 1993. O desemprego deu um salto repentino de 1,6% em 1990 para 12% em 1993. As autoridades do governo que debatiam sua resposta se depararam com "um clima de emergência nacional de um tipo quase semelhante a uma guerra", segundo Viotti.

Diante do temor de que um colapso do setor bancário faria a economia ruir, o governo sueco emitiu em setembro de 1992 uma garantia a todas as obrigações dos bancos. Depositantes, credores e parceiros comerciais estariam protegidos das perdas. Mas para evitar o encorajamento de um comportamento financeiramente arriscado no futuro, os acionistas tiveram que sofrer. Em troca do dinheiro público, o governo recebeu títulos dos bancos individuais enquanto os proprietários existentes viram suas participações encolherem.

Os legisladores suecos criaram uma agência independente -a Autoridade de Apoio aos Bancos- para administrar a reabilitação do setor bancário e lhe deu um cheque em branco. Mas todos os bancos que buscaram ajuda do governo tiveram que se submeter a um levantamento detalhado de cada um de seus empréstimos. Na prática, isto representou um processo de triagem financeira promovido pelo governo, separando as partes saudáveis do setor bancário das que estavam podres.

As partes "boas" do setor foram salvas com injeções de novo capital tanto do governo quanto de fontes privadas. As partes "ruins" foram colocadas em duas empresas de administração de ativos criadas pelo governo e vendidas. Um grande banco, o Gota Bank, foi à falência e foi fundido ao saudável Nordbanken em 1993 (atualmente conhecido como Nordea).

"Uma das lições mais importantes é que as autoridades devem poder intervir o mais rápido possível quando um banco enfrenta problemas", escreveu posteriormente Stefan Ingves, o arquiteto da operação de socorro e atual presidente do Riksbank, o banco central sueco.

Centavos por dólar
A forma como o governo decidiu lidar com a situação levou a uma recuperação econômica quase tão repentina quanto a crise que a precedeu. A economia expandiu a uma taxa anual de quase 4% tanto em 1994 quanto em 1995. A garantia emergencial aos bancos foi eliminada em 1996 e substituída por um sistema de depósitos de seguro semelhante à Federal Deposit Insurance Corp. nos Estados Unidos.

A solução firme da crise por parte da Suécia recebeu aplauso dos economistas, incluindo do então presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, que disse em 1999 que o episódio mostrou que uma "solução rápida é boa". O FMI usou o caso sueco na preparação de uma lista de "melhores práticas" para os países asiáticos que tentavam sobreviver às suas próprias crises no final dos anos 90.

Atualmente, a porta-voz do Departamento do Tesouro, Brookly McLaughlin, disse que as autoridades estão cientes da experiência sueca mas não a consideram "um exemplo para nós".

Há diferenças entre as situações americana e sueca, com alguns dizendo que é necessário cautela. A Suécia, afinal, é um país pequeno. Seu produto econômico anual é igual à 10 dias de atividade nos Estados Unidos. Os problemas da Suécia também foram exacerbados por artigos de seu sistema tributário e uma defesa equivocada de uma taxa de câmbio fixa. Isto levou as autoridades, em meio à crise monetária européia no final de 1992, a aumentar brevemente as taxas de juros do overnight para comercialmente fatais 500%.

Os atuais problemas financeiros americanos são sem precedentes em sua complexidade. A atual crise não se limita aos bancos comerciais e às práticas de empréstimo tradicionais. Em vez disso, os bancos de investimento e uma série de títulos que nem mesmo existiam no início dos anos 1990 -como os swaps de inadimplência de crédito, obrigações de dívida colateralizada e veículos de investimento estruturados- ocupam papéis proeminentes no momento.

"Era muito mais fácil naqueles dias para alguém de fora promover um levantamento da situação financeira de um banco específico", disse Goran Lind, um alto funcionário do Riksbank. "Hoje as coisas são muito menos transparentes."

Ainda assim, alguns vêem indicações de que os Estados Unidos já estão aplicando algumas lições aprendidas com a Suécia. Anders Aslund, um economista sueco do Instituto Peterson para Economia Internacional, em Washington, DC, aponta para a rápida venda do problemático banco de investimento Bear Stearns para o JP Morgan Chase como um exemplo. O negócio, promovido pelo Federal Reserve, evitou o risco de que um colapso do Bear Stearns pudesse derrubar instituições financeiras adicionais. E deixou os acionistas com centavos para cada dólar de investimento.

Pagando o preço
"O Bear Stearns parece, a meu ver, exatamente saído da cartilha de como a Suécia lidou com a crise bancária", ele disse.

Edward Kane, um professor de finanças do Boston College, disse que a decisão do Fed de facilitar a venda ao garantir US$ 29 bilhões em ativos do Bear Stearns é o primeiro sinal do que representa uma tomada do sistema financeiro pelo governo. "Eles forneceram implicitamente garantias a quaisquer uma dessas firmas. Há uma nacionalização (ocorrendo). É implícita e não reconhecida", disse Kane, que já prestou consultoria ao Fed, ao Fundo Monetário Internacional e a bancos centrais estrangeiros.

Essas garantias tornam o governo um proprietário parcial das grandes instituições financeiras do país. Na Suécia, por exemplo, no auge da crise, o governo detinha 22% do sistema bancário. Quando a crise passou e os bancos retornaram à lucratividade, o contribuinte sueco compartilhou os ganhos.

Kane disse que o governo americano devia adotar o remédio sueco e emitir garantias formais às instituições financeiras do país, para que os contribuintes possam se beneficiar com uma recuperação. "Para obter as vantagens, nós temos que torná-las explícitas. O público merece uma melhor descrição do que está acontecendo do que a que está recebendo", ele disse.

Autoridades suecas como Lind dizem que o governo no final recuperou todo o dinheiro gasto na recapitalização dos bancos com as vendas dos ativos "non-performing" (de curso anormal). Mas o "Banco de Dados de Crise Bancária" definitivo do Banco Mundial coloca o custo líquido em ainda altos 4% do produto interno bruto.

Mesmo enquanto a economia recuperava impulso, a Suécia continuou pagando pelos abusos cometidos anteriormente. O desemprego permaneceu acima dos níveis pré-crise ao longo de todos os anos 90 e o governo sueco, que tinha superávits nos anos 80, sofreu déficits orçamentários por sete anos consecutivos. Os padrões de vida relativos da Suécia também sofreram um golpe.

Kenneth Rogoff, professor da Universidade de Harvard e co-autor de um recente estudo sobre crises financeiras modernas, disse que o custo de consertar o sistema financeiro americano seria no mínimo igual ao gasto pelos suecos.

Fonte: USA Today

Lucro da Vale cai 55,8% no trimestre e atinge R$ 2,253 bilhões

A Companhia Vale do Rio Doce anunciou lucro líquido de R$ 2,253 bilhões no primeiro trimestre, um resultado 55,8% inferior ao resultado registrado em idêntico período de 2007. O número frustra expectativas de alguns analistas do setor financeiro, que projetavam ganhos em torno de R$ 4,5 bilhões para a gigante do setor de mineração.

A receita bruta da Vale totalizou R$ 14,549 bilhões, um decréscimo de 12,5% sobre o primeiro trimestre do ano passado. O Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 6,431 bilhões, um número 25,7% inferior ao registrado no balanço dos primeiros três meses de 2007.

O faturamento da Vale teve impacto principalmente da desvalorização da moeda americana. No balanço, a Vale estima um impacto de R$ 1,840 bilhões devido à variação cambial. Também concorreu para a queda na receita a variação no preços do metais, que teve um impacto negativo de R$ 793 milhões, segundo a contabilidade da empresa.

A variação cambial e monetária também teve forte influência no lado financeiro nos resultados da Vale. O chamado resultado financeiro líquido foi negativo (despesas financeiras superiores a receitas) em R$ 2,056 bilhões, quase dez vezes o resultado negativo contabilizado no primeiro trimestre do ano passado.

Níquel e alumínio

No balanço, a diretoria da Vale também chama a atenção para o desempenho negativo das vendas de níquel e alumínio. O segmento de minerais não-ferrosos (que inclui níquel, cobre, alumínio entre outros) responde por 40,6% da geração de caixa.

A receita com o níquel somou R$ 3,27 bilhões, um número 45,1% inferior ao contabilizado no balanço do ano passado. A empresa justifica a cifra por uma queda (29%) no preço médio do mineral, bem como à redução de 7% no volume vendido.

Outro mineral com desempenho negativo foi o alumínio. A empresa apurou uma receita de R$ 629 milhões, que é R$ 207 milhões menor que o primeiro trimestre do ano passado, também pelo efeito do preço médio menor.

A receita com os minerais ferrosos (minério de ferro, pelotas, manganês), por sua vez, somou R$ 7,260 bilhões, um crescimento de 6,6%.

24/04/2008 - 18h56

Fonte: Folha Online (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u395419.shtml)

Queda de seus mercados faz China mudar regras para bolsas

A China lançou novas normas das bolsas de valores que dificultam a venda de grandes quantidades de ações, informou nesta segunda-feira (21) a agência oficial Xinhua. A medida tem o objetivo de conter as quedas dos mercados de Xangai e Shenzhen, que registram perdas constantes desde o começo do ano.

No momento em que seu principal indicador, o índice geral de Xangai, já perdeu 49,5% desde seu recorde histórico de outubro do ano passado, após cair na sexta-feira para sua cotação mais baixa em mais de um ano, a Comissão Reguladora da Bolsa de Valores da China (CRMV) decidiu lançar uma nova medida.

 

A partir de agora, os grandes acionistas que queiram se desfazer de mais de 1% dos valores de uma empresa terão que fazê-lo obrigatoriamente em bloco, e não de maneira aberta e separada como também era possível até o momento. O mecanismo da venda em bloco requer aos vendedores fechar acordos prévios com os compradores, impedindo que a venda afete os preços de mercado das ações da companhia.

 

''A medida serve para resistir à pressão das vendas sobre o mercado e ajudar a diminuir as preocupações dos investidores sobre o impacto das (grandes) vendas de valores(sobre os preços das ações)'', disse a CRMV em comunicado citado pelo jornal Shanghai Daily.

 

As quedas dos mercados chineses desde janeiro passado se devem ao temor dos investidores perante possíveis medidas oficiais de austeridade econômica para controlar a inflação. Além disso, há o excesso de ações no mercado em um contexto de pouca liquidez, junto ao impacto que possa ter a crise hipotecária dos Estados Unidos na economia chinesa.


21 DE ABRIL DE 2008 - 19h18


Fonte: Vermelho.org (http://www.vermelho.org.br/base.asp?texto=36376)

Sistema alimentar na era pós-petroleira

Há 33 países hoje à beira da instabilidade social devido à falta e ao preço dos alimentos. Essa crise que ameaça a segurança alimentar de milhões de pessoas é o resultado direto do atual modelo industrial de agricultura dependente do petróleo.

A agricultura mundial está numa encruzilhada. A economia global impõe demandas conflitantes sobre os 1,5 bilhão de hectares cultivados. Não só se pede à terra agrícola que produza alimento suficiente para uma população crescente, mas também que produza biocombustíveis, e que faça isso de um modo que seja saudável para o meio ambiente, preservando a biodiversidade e diminuindo a emissão de gases de efeito estufa, e que, ainda, seja uma atividade economicamente viável para os agricultores.

Essas pressões estão desencadeando uma crise sem precedentes no sistema alimentar global, que já começa a se manifestar em protestos por escassez de alimentos em muitos países da Ásia e da África. De fato, há 33 países à beira da instabilidade social devido à falta e ao preço dos alimentos. Essa crise que ameaça a segurança alimentar de milhões de pessoas é o resultado direto do modelo industrial de agricultura, que não só é perigosamente dependente de hidrocarburos, mas tem, ainda, se tornado a maior força antrópica modificadora da biosfera. As crescentes pressões sobre a área agrícola —que está se reduzindo— estão minando a capacidade da natureza de suprir as demandas da humanidade quanto a alimentos, fibras e energia. A tragédia é que a população humana depende dos serviços ecológicos (ciclos de água, polinizadores, solos férteis, clima local benevolente, etc.) que a agricultura intensiva continuamente empurra para além de seus limites.

Antes do fim da primeira década do século XXI, a humanidade está tomando consciência rapidamente de que o modelo industrial capitalista de agricultura dependente de petróleo não mais funciona para suprir os alimentos necessários. Os preços inflacionários do petróleo inevitavelmente aumentam os custos de produção e os preços dos alimentos subiram a tal ponto que hoje um dólar compra 30% menos alimento do que há um ano. Uma pessoa na Nigéria gasta 73% da sua renda em alimento, no Vietnã 65% e na Indonésia 50%. Essa situação está piorando rapidamente, na medida em que a terra agrícola vai sendo destinada para biocombustíveis e na medida em que a mudança climática afeta o rendimento da terra pelas estiagens ou inundações.

Expandir terras agrícolas destinadas a biocombustíveis ou cultivos transgênicos, que já tomam 120 milhões de hectares, vai exacerbar os impactos ecológicos de monocultivos que continuamente degradam os serviços da natureza. Além disso, a agricultura industrial hoje contribui com mais de 1/3 das emissões globais de gases de efeito estufa, especialmente metano e óxidos nitrosos. Continuar com esse sistema degradante, como promove um sistema econômico neoliberal, ecologicamente desonesto por não refletir as externalidades ambientais não é uma opção viável.

O desafio imediato de nossa geração é transformar a agricultura industrial e iniciar uma transição dos sistemas alimentares para que não dependam de petróleo.

Precisamos de um paradigma alternativo de desenvolvimento agrícola, que propicie formas de agricultura ecológica, sustentável e socialmente justa. Redesenhar o sistema alimentar para formas mais eqüitativas e viáveis para agricultores e consumidores vai requerer mudanças radicais nas forças políticas e econômicas que determinam o que vai ser produzido, como, onde e para quem. O livre comércio sem controle social é o principal mecanismo que está expulsando os agricultores de suas terras e é o principal obstáculo para alcançar desenvolvimento e uma segurança alimentar local. Só desafiando o controle que as empresas multinacionais exercem sobre o sistema alimentar e o modelo agroexportador patrocinado pelos governos neoliberais será possível deter a espiral de pobreza, fome, migração rural e degradação ambiental.

O conceito de soberania alimentar, tal como é promovido pelo movimento mundial de pequenos agricultores, a Via Campesina, constitui a única alternativa viável para o sistema alimentar em colapso, que simplesmente falhou em seu cálculo de que o livre comércio internacional seria a chave para solucionar o problema alimentar mundial. Pelo contrário, a soberania alimentar enfatiza circuitos locais de produção-consumo e ações organizadas para obter acesso à terra, água, agrobiodiversidade, etc., recursos fundamentais que as comunidades rurais devem controlar para conseguir produzir alimentos com métodos agroecológicos.

Não há duvida que uma aliança entre agricultores e consumidores é de importância estratégica. Ao mesmo tempo que os consumidores devem descer na cadeia alimentar ao consumir menos proteína animal, precisam tomar consciência de que sua qualidade de vida está intimamente associada ao tipo de agricultura que é praticada nos cordões verdes que circundam povoados e cidades, não só pelo tipo e qualidade de cultivos que aí são produzidos, mas pelos serviços ambientais, como qualidade da água, microclima e conservação da biodiversidade, etc., que esta agricultura multifuncional proporciona.

Mas a multifuncionalidade só emerge quando as paisagens estão dominadas por centenas de sítios pequenos e biodiversos, que, como os estudiosos demonstram, podem produzir entre duas e dez vezes mais por unidade de área do que as fazendas de grande escala. Nos Estados Unidos os agricultores sustentáveis, em sua maioria pequenos e médios agricultores, geram uma produção total maior que os monocultivos extensivos, e fazem isso reduzindo a erosão e conservando melhor a biodiversidade. As comunidades rodeadas por pequenos sítios apresentam menos problemas sociais (alcoolismo, drogadição, violência familiar, etc.) e economias mais saudáveis que comunidades rodeadas por fazendas grandes e mecanizadas. 

No estado de São Paulo, no Brasil, cidades rodeadas por grandes extensões de cana-de-açúcar são mais quentes do que cidades rodeadas por propriedades médias e diversificadas. Deveria ser óbvio, então, para os consumidores urbanos, que comer constitui ao mesmo tempo um ato ecológico e político, pois ao comprar alimentos em mercados locais ou feiras de agricultores, há um retorno a um modelo de agricultura adequada para a era pós-petroleira, enquanto ao comprar nas grandes redes de supermercados, perpetua-se o modelo agrícola não sustentável.

A escala e urgência do desafio que a humanidade enfrenta é sem precedentes e o que é preciso fazer é ambiental, social e politicamente possível. Erradicar a pobreza e a fome mundial requer um investimento anual de aproximadamente 50 bilhões de dólares, uma fração se comparado com o orçamento militar mundial, que chega a mais de um trilhão de dólares por ano. A velocidade com que essa mudança deve ser implementada é muito rápida, mas o que está em questão é se existe realmente vontade política de transformar radical e velozmente o sistema alimentar, antes que a fome e a insegurança alimentar alcancem proporções planetárias irreversíveis. 

Miguel A. Altieri é professor na Universidade da Califórnia (Berkeley) e membro da Sociedade Científica Latino-americana de Agroecologia (SOCLA)

TraduçãoNaila Freitas / Verso Tradutores

Fonte: Agência Carta Maior (http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14955)

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Rendimento médio real do trabalhador cai 0,6% no mês em março, mostra IBGE

RIO - O rendimento médio real habitualmente recebido pelos trabalhadores equivaleu a R$ 1.188,90 em março, com redução de 0,6% ante fevereiro, mas elevação de 2% na comparação com o terceiro mês de 2007.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) mostrou que, entre as seis regiões metropolitanas investigadas, houve retração na renda em Recife (-4,3%), Salvador (-3,1%) e São Paulo (-1,9%) e estabilidade em Porto Alegre na passagem de fevereiro para março.

Frente a março do ano passado, viu-se recuperação na renda em Salvador (5,8%), Belo Horizonte (8,2%), Rio de Janeiro (0,4%), São Paulo (0,8%) e Porto Alegre (5,6%). Exceção, Recife registrou queda de 0,9% no rendimento.

Na base mensal, os trabalhadores com carteira de trabalho assinada no setor privado verificaram recuo de 0,1% no rendimento médio, para R$ 1.138,50. Os empregados sem carteira de trabalho assinada no setor privado tiveram rendimento médio de R$ 758,90, com decréscimo de 6,1%. Os trabalhadores por conta própria acabaram com a renda 4,4% maior, de R$ 1.013,50. Militares ou funcionários públicos verificaram declínio de 3,3% no rendimento médio, para R$ 2.016,90.

No confronto com março de 2007, o rendimento dos trabalhadores com carteira assinada subiu 0,2%. Os trabalhadores sem carteira ficaram com renda 1,5% mais elevada e os trabalhadores por conta própria verificaram aumento de 3,4%. Os militares e servidores públicos notaram, porém, renda 0,3% mais enxuta.

(Valor Online)

Fonte: UOL Economia (http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2008/04/24/ult1913u87431.jhtm)

Desemprego de 8,6% em março é o menor para o mês desde 2002

24/04/2008 - 09h47

RIO - A taxa de desemprego nacional marcou 8,6% da população economicamente ativa (PEA) em março, com ligeira queda em relação a fevereiro (8,7%) e inferior aos 10,1% registrados no terceiro mês de 2007. Os números (veja gráfico no fim deste texto) são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Este é o menor nível para o mês de março desde o início da nova metodologia usada pelo IBGE, que iniciou-se em 2002.

Na avaliação do organismo, o nível de desocupação ficou estável na comparação com o segundo mês deste calendário, "já que a variação de -0,1 ponto percentual não é considerada estatisticamente significativa".

O contingente de desocupados nas seis regiões pesquisadas ficou estável no confronto com fevereiro, mas diminuiu 14,1% em relação a março do ano passado."No âmbito regional, esta estimativa não apresentou movimentação em relação a fevereiro. Na comparação com março de 2007, houve quedas nas Regiões Metropolitanas de Recife (20,6%), Belo Horizonte (14,1%), São Paulo (16,7%) e Porto Alegre (13,2%)", informou o organismo em nota.

Conforme a pesquisa, o total de pessoas ocupadas ficou em 21,3 milhões, sem variação ante fevereiro. Perante março de 2007, contudo, houve ampliação de 3,5%, o que implica a criação de 713 mil vagas.

Fonte: UOL Economia (http://economia.uol.com.br/ultnot/valor/2008/04/24/ult1913u87428.jhtm)

Especuladores têm participação na crise dos alimentos, diz "Der Spiegel"

Uma reportagem do jornal alemão "Der Spiegel" desta quinta-feira traz uma análise sobre o papel da especulação no aumento dos preços dos alimentos, o que culminou em uma crise mundial.O texto na íntegra pode ser lido em português por assinantes do UOL.Segundo a publicação, há uma enorme quantidade de dinheiro sendo investida no mercado global de commodities, fator que tem sido responsável por elevar o preço de produtos básicos na alimentação humana, como o trigo e o arroz.Assim, além de biocombustíveis, o jornal sugere que entre no centro das discussões o papel que os fundos e os pequenos investidores têm na recente crise alimentar."Não apenas comenta-se que os investidores lucraram com a fome desesperada em Honduras, Filipinas e Bangladesh; os críticos também se perguntam se os especuladores de commodities estão agravando a crise", diz a reportagem.Além disso, com o milho sendo utilizado para produzir etanol nos Estados Unidos, e as plantações de arroz e trigo sendo arruinadas pelas secas na Austrália, as reservas mundiais de trigo têm condições de suprir a demanda do produto por apenas mais 60 dias. Por isso, é possível entender o motivo pelo qual desde 2006 o preço do arroz subiu 217%, o do trigo, 136%, do milho, 125% e da soja, 107%.

Fonte: UOL Economia

BC vê alta da renda e do crédito como riscos para inflação e promete 'prudência'

O Banco Central vê o avanço da renda e do crédito no país como fatores que impulsionam a demanda, podendo causar aumento da inflação. A instituição afirma que, por isso, continuará atuando com "prudência". As afirmações estão presentes na ata da mais recente reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC. No encontro, realizado em 15 e 16 de abril, a entidade decidiu elevar de 11,25% ao ano para 11,75% a taxa básica de juros.
"O ritmo de expansão da demanda doméstica, que deve continuar sendo sustentado, entre outros fatores, pelas transferências fiscais e pelo crescimento da renda e do crédito, continua colocando riscos para a dinâmica inflacionária", diz a ata. Os sinais de aquecimento da atividade alimentam o risco para "a concretização de um cenário inflacionário benigno".Para o Copom, "a persistência de descompasso importante entre o ritmo de expansão da demanda e da oferta agregadas tende a aumentar o risco para a dinâmica inflacionária".PrudênciaQuando o BC elevou a taxa de juros para 11,75% ao ano, na reunião do dia 16, emitiu nota afirmando que estava fazendo já em abril "parte relevante" do ajuste, o que contribuiria para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado.A afirmação foi confirmada na ata: "A atuação da política monetária tende a ser mais efetiva, atingindo seus objetivos com maior rapidez, quando a deterioração da dinâmica inflacionária está em seus estágios iniciais, do que quando esta se encontra consolidada".Segundo a instituição, "a avaliação de decisões alternativas de política monetária deve concentrar-se, necessariamente, na análise do cenário prospectivo para a inflação e nos riscos a ele associados, em vez de privilegiar os valores correntes".Nas últimas semanas, as expectativas de inflação do mercado para este ano e o próximo vêm aumentando, inclusive superando o centro da meta de 2008. A inflação corrente também vem se mantendo pressionada, mas sobretudo devido a fatores sazonais e aumentos de alimentos."Visando consolidar um ambiente de estabilidade e previsibilidade, o Copom adota uma estratégia que procura evitar uma trajetória inflacionária volátil. (...) A prudência passa a ter papel ainda mais importante, nesse processo", acrescentou o documento.O comitê ressaltou que seus movimentos terão impacto sobretudo no segundo semestre deste ano e em 2009.

(Com informações da Reuters)

Fonte: UOL Economia

terça-feira, 22 de abril de 2008

Cepal reajusta para 4,8% a previsão de crescimento para o Brasil em 2008

Santiago do Chile, 22 abr (EFE).- A Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), reajustou de 5,4% para 4,8%, sua previsão de crescimento para o Brasil em 2008, por causa da crise dos Estados Unidos.

A projeção de crescimento das economias latino-americanas "foi ajustada um ponto abaixo por causa do impacto da crise externa", declarou em entrevista coletiva o secretário-executivo do organismo, José Luis Machinea.

"Os Estados Unidos estão entrando em uma recessão e há dúvidas sobre a validade e o tempo da política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano)", afirmou o economista argentino, acrescentando que a maioria dos países da região "terá um crescimento de seu Produto Interno Bruto (PIB) inferior ao esperado".

Machinea disse, no entanto, que a recessão nos EUA será "suave" e, dessa forma, o impacto na América Latina "não será tão grande".

Também afirmou que a economia do Brasil crescerá 4,8% ao invés de 5,4% que havia sido previsto.

No caso da Argentina, a projeção desceu de 8,7% para 7,0% afirmou José Luis Machinea. Já no México ficará em torno de 2,7%, e não 3,3% como era indicado inicialmente, enquanto a previsão do Chile diminuiu de aproximadamente 5,1% para 4,5%.

Além disso, no caso da Venezuela, a projeção caiu de 8,4% para 6,0% e no total, a previsão para a América do Sul passou de 6,7% para 5,6%.

Equador foi o único país sul-americano que teve uma correção para cima, de 2,7% para 3,0%.

Também a previsão para a zona do Caribe foi ajustada levemente para cima, de 3,9% para 4,1%.

A baixa do crescimento afetará especialmente os países mais pobres, pelo aumento no preço dos alimentos, aos países exportadores de manufaturas aos EUA e a países desenvolvidos, segundo Machinea.

A América Central será afetada por uma forte diminuição no envio de remessas.

José Luis Machinea, por outro lado, advertiu que a alta dos preços dos alimentos nos países latino-americanos aumentará a quantidade de habitantes em situação de pobreza e indigência.

Sobre os dados projetados, a respeito da indigência, correspondentes ao ano 2007, a Cepal prevê um aumento de 15% no preço dos alimentos elevará a incidência da indigência em quase três pontos, de um 12,7% para 15,9 % da população, equivalente a cerca de 15,7 milhões de latino-americanos.

No caso da pobreza, os aumentos serão parecidos já que a mesma quantidade de pessoas passaria a ser pobre, explicou Machinea.

Ele afirmou, no entanto, que se considera uma melhora de renda dos lares de 5%, "similar à média da inflação regional, na prática aproximadamente 10 milhões de pessoas passariam à indigência como conseqüência do aumento de preços".

"A alta intensa e persistente dos preços internacionais dos alimentos está castigando com especial dureza os setores mais pobres da América Latina e do Caribe, gerando um impacto distributivo regressivo", ressaltou Machinea.

O economista explicou que o aumento dos preços internacionais é um fenômeno que se acelerou nos últimos doze meses, especialmente nos casos dos preços do milho, do trigo, do arroz e das oleaginosas, altas que em alguns casos superaram 100%.

Desde o ano 2006, a inflação se acelerou na maioria das economias da região, a um ritmo anual que oscila entre o 6,0% e o 20,0% nos diferentes países, com uma média regional próximo ao 15,0 %, segundo os dados das Nações Unidas.

Em termos globais, o secretário-executivo da Cepal considerou que "se passou da euforia a uma grande incerteza".

BC inglês socorre bancos com US$ 100 bi

Folha de São Paulo - dia 22/04/08

Para aliviar crise de crédito, pacote permite que instituições financeiras troquem papéis hipotecários de alto risco por títulos públicos

Ajuda dos bancos centrais é alvo de críticas por envolver o chamado risco moral de salvar instituições que se arriscaram em excesso

DA REDAÇÃO

O Banco da Inglaterra anunciou um pacote no valor mínimo de US$ 100 bilhões (50 bilhões de libras) para socorrer o sistema financeiro britânico, em uma das intervenções mais diretas de um banco central para manter a confiança do mercado em meio à crise global de crédito. A instituição disse esperar que a injeção de recursos, a ser feita por uma operação de troca de ativos, possa aumentar a liquidez e aliviar as restrições no mercado de hipotecas, que tornaram mais caros os financiamentos imobiliários.
O pacote permite aos bancos trocarem títulos hipotecários de alto risco por títulos do governo, mais seguros e mais facilmente comercializáveis.
"Como os mercados para muitos papéis encontram-se fechados, os bancos possuem em seus balanços um "excesso" desses papéis, os quais não conseguem vender ou oferecer como garantia para levantar fundos", explicava nota divulgada pelo Banco da Inglaterra.
O presidente da instituição, Mervyn King, ressaltou que irá proceder com a operação mesmo que seja necessário dispor de mais de 50 bilhões de libras.
O plano recebeu o apoio do Tesouro britânico e da associação dos bancos, que o qualificou como "inovador" e "único".
Por outro lado, analistas disseram que, embora a medida possa produzir efeitos positivos no curto prazo, as restrições na troca de ativos poderão diminuir a demanda das instituições financeiras. Para se beneficiarem do pacote, os bancos terão de oferecer ao Banco da Inglaterra ativos de valor significativamente maior do que os títulos do governo.
"Isso não sanará os males já provocados à economia", afirmou Alan Clarke, economista do BNP Paribas. "Talvez consiga apenas impedir que as coisas fiquem ainda piores."
O plano anunciado ontem vem na seqüência de outras iniciativas do Banco da Inglaterra para enfrentar o impacto da crise de crédito. Desde dezembro, a instituição cortou a taxa de juros três vezes, de 5,75% para 5%, e forneceu liquidez de emergência para os bancos.
Em fevereiro, o governo do Reino Unido nacionalizou temporariamente o Northern Rock, a quinta maior instituição de financiamento do país, atingida pela crise bancária e alvo de uma corrida dos clientes às agências para saques.

Risco moral
No mês passado, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) anunciou socorro semelhante aos bancos dos EUA, com leilões semanais para instituições financeiras de até US$ 200 bilhões em títulos do Tesouro, considerados os mais seguros do mundo. Em troca, o Fed passou a aceitar como garantia até os arriscados títulos lastreados em hipotecas "subprime" (para pessoas com histórico ruim de pagamento), a origem da crise financeira.
O socorro dado aos bancos privados é alvo de críticas de economistas sobre o que chamam de "moral hazard" (risco moral) dos bancos centrais de salvarem investidores e instituições que se arriscaram em excesso em busca de lucro.

Dólar segue descolado do cenário externo e cai; no mês, baixa acumula 5,25%

22/04/2008 - 16h37

SÃO PAULO, 22 de abril (Reuters) - O dólar voltou a fechar em queda nesta terça-feira se descolando dos movimentos externos e seguindo o fluxo de entrada da divisa impulsionado pelas operações de arbitragem.


A moeda norte-americana caiu 0,48%, a R$ 1,661. Com 13 baixas em quinze sessões, o dólar já acumula desvalorização de 5,25% em abril.


Segundo Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros, o mercado cambial continua mudando suas posições, desmontado suas posições compradas --que apostam em uma alta da divisa norte-americana-- passando a posições vendida.


Segundo dados da BM&F, os investidores estrangeiros mantinham no início do mês mais de US$ 4 bilhões em posições compradas, enquanto que no dia 18 estes possuiam US$ 1,3 bilhão em posições vendidas.


"Como o nosso mercado de juro voltou a ser o mais atraente do mundo, vai aumentar a entrada (de dólares)", disse Arruda.


A alta da Selic na última reunião do Comitê de Política Monetária elevou ainda mais o diferencial entre as taxas de juros praticadas interna externamente, o que favorece as operações de arbitragem.


Segundo um player do mercado, que preferiu não ser identificado, nesta terça-feira, o dólar foi pressionado por uma operação de entrada de grande porte de um rede varejista.


Os investidores seguem atentos aos números de inflação para operar em cima das expectativas sobre o próximo movimento do Banco Central. Na manhã desta terça-feira, o BC divulgou que o mercado elevou, pela quarta semana consecutiva, a estimativa para a inflação neste ano e manteve sua previsão para a Selic.


No início da última hora de negócios, o BC realizou um leilão de compra de dólares no mercado à vista. A autoridade monetária definiu a taxa de corte a R$ 1,6575.


(Por Fabio Gehrke; edição de Alexandre Caverni)

domingo, 20 de abril de 2008

Muito além das metas

18/04/2008 15:40:25

Luiz Antonio Cintra

Crítico do sistema de metas de inflação e da desregulamentação econômica, Arestis vê nesse conjunto de idéias as principais causas da atual crise financeira internacional, made in USA. “A liberalização tem uma ampla dose de responsabilidade sobre a atual crise financeira e essas seguidas crises desde 1970”, avalia. 

Na semana passada, Arestis foi ao Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), participar do 1º Encontro Internacional da Associação Keynesiana Brasileira. Lançada na sexta-feira 18, a associação conta com uma agenda de debates e a pretensão de atuar politicamente, numa rota alternativa à ortodoxia econômica, bem ao estilo do pensador inglês. 

CartaCapital: O senhor considera que a atual crise financeira internacional resulta da desregulamentação dos mercados financeiros ocorrida nas últimas três décadas? 
Philip Arestis:
 Sim, a resposta é um grande sim. Especialmente a partir dos anos 70 e 80, houve uma enorme liberalização financeira. Nesse mesmo período, entretanto, tivemos muitas crises. Vários artigos foram publicados nesses anos demonstrando que essas crises não encontram paralelo na história mundial. Elas são mais freqüentes e mais profundas do que as anteriores ao processo de desregulamentação. Por isso as crises mais recentes, que redundaram na crise de crédito de agosto de 2007, podem ser interpretadas como parte desse processo de liberalização iniciado nos anos 70. Mas a liberalização não é a única explicação. Acredito que a origem também está na política monetária baseada nas metas de inflação. Essa política começa com o reconhecimento, por parte das autoridades monetárias, de que a inflação é essencialmente um fenômeno monetário. Nessa perspectiva, considera-se que a estabilidade dos preços é de longe o mais importante objetivo a ser alcançado. 

CC: E qual a razão disso? 
PA:
 Quando se atinge a estabilidade dos preços, uma série de outras coisas a acompanharia. A economia teria a longo prazo estabilidade de renda, e, por isso, seria de esperar elevados índices de crescimento econômico. Portanto, para alcançar a estabilidade de preços e enfrentar a inflação, a política monetária teria de se concentrar essencialmente nas taxas de juro. No passado, a estabilidade de preços seria alcançada por meio da administração do estoque de dinheiro. Houve tentativas nesse sentido na Inglaterra e nos EUA, entre o final dos anos 70 e início dos 80, no Chile, Israel e muitos outros países. 

CC: E deram algum resultado? 
PA:
 Todas elas falharam. Falharam por uma série de razões. Acredito que uma das razões mais relevantes é a seguinte: se você vai administrar os preços por meio do estoque de dinheiro, tem de ser capaz de controlar seu estoque de dinheiro. Ou seja, teria de ser uma variável exógena. Mas as pessoas descobriram que o estoque de dinheiro é uma variável endógena, o que significa dizer que as autoridades monetárias encontraram muita dificuldade para controlá-lo. Se você não pode controlar, como poderá manipular essa variável? O segundo ponto é o seguinte: quando você tenta controlar o estoque de dinheiro e ele encontra meios de se esconder, as autoridades monetárias têm de ser capazes de avaliar de que modo essas mudanças vão afetar a inflação. No jargão econômico, dizemos que as autoridades precisam estar seguras da estabilidade da demanda por dinheiro. 
Voltando à sua primeira questão: com a liberalização financeira e as inovações ocorridas nos mercados, a demanda por dinheiro torna-se muito instável. Então as pessoas pensaram o seguinte: se não podemos controlar a inflação por meio do estoque de dinheiro, por que não controlamos por meio da taxa de juro? Então passaram a estabelecer uma relação direta entre alterações nas taxas de juro e inflação. A longo prazo, mudanças nas taxas de juro afetarão apenas as taxas de inflação. Essa é a perspectiva do Banco da Inglaterra, do BC do Brasil e de muitos outros países. 
Na estrutura teórica do sistema de metas de inflação há o pressuposto da transversalidade. Isso significa que os agentes econômicos nunca irão renegar suas dívidas, sempre irão honrá-las. Mas foi isso o que aconteceu na crise das hipotecas nos EUA, quando muitas pessoas simplesmente disseram que não iriam pagar suas dívidas. No paradigma teórico que o BC da Inglaterra e o do Brasil utilizam, não é preciso se preocupar com o sistema bancário e, por conta disso, os agregados monetários saem de cena. Já o Banco Central Europeu acredita nos agregados monetários. 
Desde março de 2000 até 2005, os principais bancos centrais reduziram vigorosamente suas taxas de juro, praticamente a zero. Em seguida, aumentaram para 5,25% ao ano até agosto de 2007, no caso do Federal Reserve. E agora temos 2,25% ao ano, em um período de seis ou sete meses. 

CC: Essa flutuação foi negativa? 
PA:
 O resultado dessa enorme flutuação das taxas de juro foi a criação de um montante muito grande de dívida no sistema, o que certamente é o caso da Inglaterra, é o caso dos EUA e acredito que o Brasil está indo na mesma direção. Essas dívidas enormes, quando se tem uma flutuação dos juros, pode potencialmente criar sérios problemas. E um desses problemas foi exatamente a crise dos empréstimos subprime nos EUA, que entrou em colapso, muitas pessoas perderam suas casas e agora estamos no meio de uma crise de crédito. E acredito que ainda não vimos o final dessa história. Ou seja, a liberalização financeira tem sim uma ampla dose de responsabilidade sobre a atual crise financeira, essas seguidas crises financeiras desde 1970 e é provável que tenhamos outras por causa desse paradigma da política monetária. 

CC: Como mudar essa situação? 
PA:
 Na Inglaterra, na terça-feira 15, o primeiro-ministro Gordon Brown encontrou-se com um grupo de banqueiros em seu escritório para tentar convencê-los a reduzir suas taxas de juro ligadas a empréstimos imobiliários. E isso para tentar minorar os problemas do mercado de hipotecas. Todos os formuladores de política monetária esperavam que essas taxas de juro caíssem, mas elas se mantêm elevadas. O sistema não parece funcionar. Então o que considero necessário é procurarmos novas idéias para lidar com a política monetária. E talvez alterar as taxas de juro não seja o melhor modo de administrar a economia. Quando existem vários objetivos para a política econômica, e tenta-se atingir esses objetivos apenas com as taxas de juro, sabemos que não vai funcionar. Precisamos olhar para a política fiscal, em coordenação com a política monetária. E com maior atenção para os arranjos institucionais. 

CC: Em que sentido as idéias de Keynes podem contribuir nesse debate? 
PA:
 As minhas sugestões são, em certo sentido, muito keynesianas. É preciso renovar o modo de conduzir a política econômica. A política fiscal é muito importante. Enquanto no sistema de metas de inflação a política fiscal é completamente desvalorizada e a política monetária é supervalorizada. Acredito que é preciso encontrar um balanço mais adequado. Não tenho nada contra nenhuma das duas políticas, mas é preciso que haja uma melhor coordenação entre ambas. E me parece que essa é uma postura muito keynesiana.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=7&i=716

Risco Brasil recua 0,43% e fecha a sexta-feira aos 229 pontos

SÃO PAULO - Considerado um dos principais termômetros da confiança dos investidores na economia brasileira, o EMBI+ Brasil, calculado pelo Banco JP Morgan Chase, terminou a sexta-feira aos 229 pontos, com ligeira queda de 0,43% perante os 230 pontos do fechamento de quinta. 

No mercado secundário de títulos da dívida externa brasileira, o Global 40 era negociado a 135,313% do seu valor de face, com queda de 0,13%. O segundo papel mais representativo do índice do JP Morgan, o Global 18 ou A-Bond (Amortizing Bond ou Bônus de Amortização), marcava 112,875%, com baixa de 0,27%.

Sobre o EMBI + Brasil

O Emerging Markets Bond Index - Brasil é um índice que reflete o comportamento dos títulos da dívida externa brasileira. Corresponde à média ponderada dos prêmios pagos por esses títulos em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos, tido como o país mais solvente do mundo, de risco praticamente nulo. 

O indicador mensura o excedente que se paga em relação à rentabilidade garantida pelos bônus do governo norte-americano. Significa dizer que a cada 100 pontos expressos pelo risco Brasil, os títulos do país pagam uma sobretaxa de 1% sobre os papéis dos EUA. 

Basicamente, o mercado usa o EMBI+ para medir a capacidade de um país honrar os seus compromissos financeiros. A interpretação dos investidores é de que quanto maior a pontuação do indicador de risco, mais perigoso fica aplicar no país. Assim, para atrair capital estrangeiro, o governo tido como " arriscado " deve oferecer altas taxas de juros para convencer os investidores externos a financiar sua dívida - ao que se chama prêmio pelo risco. 

(Valor Online, com agências internacionais)

Fonte: http://www.valoreconomico.com.br/valoronline/Geral/financas/Risco+Brasil+recua+043+e+fecha+a+sexta-feira+aos+229+pontos,08204,,23,4889596.html

Contratos futuros de dólar fecham em alta na BM & F; Ptax encerra a R$ 1,6693

SÃO PAULO - Os contratos futuros indexados ao dólar negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM & F) fecharam o pregão da sexta-feira em alta. O ativo com entrega em maio próximo - o mais líquido - subiu 0,75%, negociado a R$ 1,673. 

O vencimento de junho também avançou 0,75%, para R$ 1,683. No contrato para julho, a moeda foi apontada a R$ 1,695, com acréscimo de 0,74%.  No total, foram negociados 308.880 contratos cambiais. O giro financeiro foi de R$ 25,897 bilhões (US$ 15,514 bilhões). Ontem foram transacionados 349.987 contratos, que giraram R$ 29,162 bilhões (US$ 17,58 bilhões).  No mercado comercial à vista, o dólar comercial encerrou negociado a R$ 1,668 na compra e R$ 1,670 na venda, com alta de 0,78%. Na roda de dólar " pronto " da BM & F, a cotação teve alta de 0,66% em relação à sessão de ontem, para R$ 1,668. A taxa Ptax - média das cotações do dólar apurada pelo Banco Central e ponderada pelo volume de negócios - terminou a R$ 1,6685 na compra e R$ 1,6693 na venda, com alta de 0,63% perante o último fechamento.  
Fonte: Valor Online (http://www.valoreconomico.com.br/valoronline/Geral/financas/cambio/Contratos+futuros+de+dolar+fecham+em+alta+na+BM++F+Ptax+encerra+a+R$+16693,08204,,29,4889556.html)