Grau de investimento deverá diminuir juros e incentivar produção
A elevação do Brasil ao grau de investimento é motivo de comemoração para a economia nacional. Considerado confiável, o país passará a atrair investimentos mais conservadores, de longo prazo, como os feitos por fundos de pensões. Com a classificação de bom pagador, deixa de ser necessário para o país manter juros elevados par atrair capital.
A tendência é que a produção nacional se aqueça devido aos investimentos que têm sido feitos em bens de capital, agora incrementados pela maior oferta de capitais que o país desfruta com o grau de investimento. Dessa forma, o déficit da conta-corrente causado pela entrada de dólares poderá ser balanceado e a inflação diminuída.
Num contexto em que se busca diminuir os impactos da disparada do real e evitar um desempenho fraco das exportações, o governo prepara a criação de um fundo soberano e a Política de Desenvolvimento Produtivo, que busca fomentar setores-chave da economia.
A agência classificadora Standart & Poor's elevou o Brasil ao chamado grau de investimento no início de maio. A partir de agora, o país passa a ser um atrativo para investimentos não especulativos, de maneira que os juros tenderão a cair a médio e longo prazo.
'O risco do Brasil deve cair e as taxas de juros para os tomadores de crédito no país deverão cair. O efeito do grau de investimento é reduzir as taxas de juros, reduzir o custo de captação para o Brasil', afirmou o Ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O grau de investimento reflete a confiabilidade de um país em relação ao pagamento de suas dívidas. Uma vez que agora a tendência de investimentos não especulativos no Brasil é maior, as taxas de juro devem deixar de ser ajustadas de acordo com a necessidade de atrair dólares para o pagamento da dívida externa e passarão a focar mais no controle da inflação. A aquisição de bens de capital será facilitada com o aumento dos investimentos externos que essa nova condição do país proporciona. Isso estimula a produção, que, por sua vez, deve contribuir no equilíbrio dos índices inflacionários provocados pela demanda.
Por outro lado, com a injeção de dólares na economia, o real é valorizado e as exportações acabam prejudicadas, contribuindo para uma conta-corrente deficitária. O incentivo à produção brasileira devido ao novo grau de investimento deve, no entanto, contribuir para as exportações assim como no saneamento da balança de pagamentos. Além disso, o ritmo de aquisição de bens de capital deve decair conforme vão sendo alcançadas as necessidades da economia, o que contribuirá na queda do déficit.
Ao mesmo tempo, para compensar a atual valorização do real, o governo elaborou a Política de Desenvolvimento Produtivo, que consiste no incentivo de setores-chave da economia (produção, emprego, exportações líquidas e formação de capitais) através de queda dos juros do BNDES, disponibilização de R$ 210 bi de crédito até 2011, desoneração de cerca de R$ 21 bi, entre outros. Além disso, o governo também começa a criar um fundo soberano para financiar investimentos de empresas nacionais no exterior, o que retirará dólares da economia, diminuindo a pressão no sentido de aumento da cotação do real.
A valorização do real frente ao dólar não é só fruto da notória depreciação que a moeda americana tem sofrido. Mais que isso, é fruto também da quantidade expressiva de dólares sendo investidos no Brasil. O desafio do real valorizado é efeito colateral de se ter uma economia atraente. O governo tem se mostrado atento a essa realidade através da tomada de medidas como a criação da Política de Desenvolvimento Produtivo e a criação do fundo soberano. A disposição do governo em lidar com a valorização do real torna a perspectiva de uma lenta caminhada para uma crise pouco provável.
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