quarta-feira, 18 de junho de 2008

“Jornalismo: profissão especial, cativante”

Por: Patricia Golini
nºUSP: 5970051


Na última quinta-feira, dia 12 de junho de 2008, o jornalista e professor Bernardo Kucinsky conversou com os estudantes da disciplina Fundamentos de Economia, na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Durante esse bate-papo, como ele mesmo denominou sua palestra, Kucinsky abordou não apenas a economia mundial – foco do curso, mas também a cobertura jornalística feita pelos grandes veículos, a mídia alternativa e ainda, deu dicas aos estudantes de como proceder perante um mercado de trabalho tão competitivo

O professor iniciou sua palestra falando brevemente sobre o momento vivido pela economia mundial. Segundo Kucinsky, a economia dependente é a grande vilã dos países em desenvolvimento. Aqui “o capital chega pequeno, é engordado, como um bezerro”, depois que os investidores já conseguiram o sucesso financeiro almejado, eles retiram os investimentos do país. A economia dos países mais pobres, dessa forma, é prejudicada, pois dificilmente, alcança um momento de estabilidade.

Kucinsky, autor do livro Jornalismo Econômico, comentou que os jornalistas desta área não escrevem para o povo. Os jornais especializados se isolam em uma linguagem demasiadamente abstrata para grande parte da população. Assim, os profissionais do jornalismo econômico parecem esquecer a importância que essa área tem na vida das pessoas. Ela é tão importante quanto os outros assuntos abordados nos veículos de comunicação, porém permanece inatingível em seus jargões, caracterizando-se como algo que beira a simples ideologia dos veículos de comunicação não tendo o povo como principal alvo das publicações.

Ao ser questionado sobre o possível fim de algumas mídias, como o jornal impresso, Bernardo Kucinsky afirmou que essa é “uma previsão muito arriscada, impossível de ser feita”. É fato que diante do avanço das tecnologias, os jornalistas tenham perdido a exclusividade do direito de falar ao grande público, milhares de pessoas manifestam suas opiniões em blogs. Dessa forma, o mercado e o próprio povo exigem que os meios de comunicação se modifiquem para melhor suprir as necessidades da sociedade.

Bernardo Kucinsky, ao fazer uma breve análise sobre o jornalismo atual, afirmou que no Brasil, alguns profissionais detêm informações de extrema relevância, porém, eles não as publicam, pois temem punição por parte dos veículos em que trabalham ou complicações diante de possíveis processos. Contudo, em países como os Estados Unidos, onde a imprensa é mais liberal e madura, essas informações são reveladas de forma aberta, tal que há o compromisso com a busca da verdade.

Ainda completou o tema dizendo que as empresas de comunicação estabelecem com os jornalistas uma “relação predatória”, na qual o jornalista é usado durante o tempo que convier à empresa. Os veículos de comunicação não valorizam necessariamente as opiniões do profissional, mas sim, a capacidade de disseminar a informação de forma clara, sem manifestar suas idéias ou impor suas ideologias aos leitores.

Ao dar conselhos aos jovens estudantes de jornalismo, o professor disse que “os grandes veículos impressos tiram a autoria do jornalista”. Assim, muitos profissionais só alcançam o reconhecimento dos jornais com anos de experiência no mercado de trabalho, e tantas vezes passam a assinar suas matérias após anos de prestação de serviços a determinadas empresas. Mesmo assim, os jornalistas devem usar o “trabalho para aprender”, dedicando-se ao máximo a cada assunto, tornando-se, a partir daí, um especialista a cada texto escrito, pois “jornalismo é uma profissão especial, cativante” que exige muito de cada um nós.

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