Vandson Lima
Em palestra para alunos de jornalismo da USP, professor Bernardo Kucinski demonstra bom humor, simplicidade e indica rumos para os jovens que escolheram a profissão.
12 de junho, quinta-feira, dia do namorados. Talvez não parecesse o dia mais indicado para uma palestra de economia, quando muitos estavam por demais preocupados nos presentes dados e recebidos – e aqueles que não tinham a quem dar ou de quem receber presentes por demais preocupados em demonstrar que nem ligavam para isso.
Mas Bernardo Kucinski, sorriso aberto a todos que entravam na sala onde começaria sua palestra - mesmo aos atrasados - , ministrou a disciplina de “Jornalismo Econômico” nessa mesma universidade, com as mesmas portas amarelas e barulhentas, durante 11 anos, e agora voltava, para um “bate-papo”, segundo o próprio.
Seu discurso, ao mesmo tempo realista e apaixonado sobre essa profissão, por vezes tão controversa, ganhou os presentes logo de início, ao elucidar de forma clara o funcionamento da maioria das grandes redações do país, onde “querem pessoas que cumpram tarefas, não que tenham personalidade. Há um processo de domesticação que só permite que se assine a matéria depois de passar por essa ‘lavagem cerebral’. Por isso, aconselho os jovens a começarem por veículos menores, que lhes dêem a possibilidade de uma escrita mais livre, assim desenvolvendo um estilo próprio, e ganhando respeito”.
Ter a dupla capacidade de se maravilhar e se indignar com as coisas. Para Kucinski, optar pelo jornalismo não é apenas escolher uma carreira, mas se oferecer a uma causa, pois “ninguém precisa ser jornalista, só por ser. Se for pra escamotear a verdade, não seja”.
Sua afirmação vem de encontro às angústias de muitos iniciantes, ávidos por fazer de sua profissão um meio de promover a justiça social, mas que, ao ingressarem nos grandes veículos, encontram um cenário onde o exercício crítico é desestimulado, e a escalada na carreira se dá muito mais por uma maleabilidade, onde quem ‘abraça’ as posições da empresa, muitas vezes delineadas por interesses escusos, é promovido. “Há uma promiscuidade, uma defesa nos interesses próprios que não condiz com o exercício do jornalismo. Os ‘cães de guarda’ defendem o sistema; não se fala do que não é do interesse dos parceiros e, por isso, no noticiário econômico, imperam as entrevistas ligadas ao setor financeiro; não se conta tudo o que se sabe; usa-se uma linguagem truncada, feita para iniciados, muitas vezes escondendo o simples fato de que o jornalista não entendeu o que está dizendo”.
Por fim, Bernardo Kucinski, apesar de todos os percalços, se mostra otimista com o futuro, em especial com o advento das novas tecnologias, que baratearam os custos de produção dos veículos, revigorando a existência de uma imprensa alternativa. Maior liberdade demanda maiores responsabilidades, e é necessário ter ciência disso: “Ser correto com as fontes e com os leitores e evitar a ‘ética da malandragem’ geram credibilidade. Se você omite uma informação, é diretamente responsável pelas conseqüências de uma possível tragédia. É preciso assumir o que se escreve”.
Em palestra para alunos de jornalismo da USP, professor Bernardo Kucinski demonstra bom humor, simplicidade e indica rumos para os jovens que escolheram a profissão.
12 de junho, quinta-feira, dia do namorados. Talvez não parecesse o dia mais indicado para uma palestra de economia, quando muitos estavam por demais preocupados nos presentes dados e recebidos – e aqueles que não tinham a quem dar ou de quem receber presentes por demais preocupados em demonstrar que nem ligavam para isso.
Mas Bernardo Kucinski, sorriso aberto a todos que entravam na sala onde começaria sua palestra - mesmo aos atrasados - , ministrou a disciplina de “Jornalismo Econômico” nessa mesma universidade, com as mesmas portas amarelas e barulhentas, durante 11 anos, e agora voltava, para um “bate-papo”, segundo o próprio.
Seu discurso, ao mesmo tempo realista e apaixonado sobre essa profissão, por vezes tão controversa, ganhou os presentes logo de início, ao elucidar de forma clara o funcionamento da maioria das grandes redações do país, onde “querem pessoas que cumpram tarefas, não que tenham personalidade. Há um processo de domesticação que só permite que se assine a matéria depois de passar por essa ‘lavagem cerebral’. Por isso, aconselho os jovens a começarem por veículos menores, que lhes dêem a possibilidade de uma escrita mais livre, assim desenvolvendo um estilo próprio, e ganhando respeito”.
Ter a dupla capacidade de se maravilhar e se indignar com as coisas. Para Kucinski, optar pelo jornalismo não é apenas escolher uma carreira, mas se oferecer a uma causa, pois “ninguém precisa ser jornalista, só por ser. Se for pra escamotear a verdade, não seja”.
Sua afirmação vem de encontro às angústias de muitos iniciantes, ávidos por fazer de sua profissão um meio de promover a justiça social, mas que, ao ingressarem nos grandes veículos, encontram um cenário onde o exercício crítico é desestimulado, e a escalada na carreira se dá muito mais por uma maleabilidade, onde quem ‘abraça’ as posições da empresa, muitas vezes delineadas por interesses escusos, é promovido. “Há uma promiscuidade, uma defesa nos interesses próprios que não condiz com o exercício do jornalismo. Os ‘cães de guarda’ defendem o sistema; não se fala do que não é do interesse dos parceiros e, por isso, no noticiário econômico, imperam as entrevistas ligadas ao setor financeiro; não se conta tudo o que se sabe; usa-se uma linguagem truncada, feita para iniciados, muitas vezes escondendo o simples fato de que o jornalista não entendeu o que está dizendo”.
Por fim, Bernardo Kucinski, apesar de todos os percalços, se mostra otimista com o futuro, em especial com o advento das novas tecnologias, que baratearam os custos de produção dos veículos, revigorando a existência de uma imprensa alternativa. Maior liberdade demanda maiores responsabilidades, e é necessário ter ciência disso: “Ser correto com as fontes e com os leitores e evitar a ‘ética da malandragem’ geram credibilidade. Se você omite uma informação, é diretamente responsável pelas conseqüências de uma possível tragédia. É preciso assumir o que se escreve”.
2 comentários:
vandson, tá muito a sua cara esta matéria! hahahaha
támuitobom, támuitobom...
bomgaroto, bomgaroto
hahahahaha, obrigado senhorita CAMAILA!
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